Por Ercan Gurses
ANCARA (Reuters) - A Turquia bombardeou alvos do Estado Islâmico na Síria e no Iraque nas últimas 48 horas, matando quase 200 militantes, em retaliação ao ataque de um homem-bomba em Istambul, afirmou nesta quinta-feira o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu.
Um homem-bomba do Estado Islâmico, que entrou na Turquia como refugiado sírio, se explodiu entre grupos de turistas no centro histórico de Istambul na terça-feira, matando 10 alemães e ferindo seriamente vários outros estrangeiros.
A Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e integrante da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, também realizará ataques aéreos contra militantes radicais sunitas, caso seja necessário, e não cederá até que eles sejam levados para fora de suas fronteiras, disse Davutoglu.
"Após o incidente de terça-feira... cerca de 500 bombas foram disparadas de tanques e da artilharia em bases do Estado Islâmico na Síria e no Iraque", disse Davutoglu em uma conferência de embaixadores turcos na capital Ancara, usando um nome árabe para Estado Islâmico (Daesh). "Perto de 200 membros Daesh, incluindo os chamados líderes regionais, foram neutralizados nas últimas 48 horas. Depois disso, todas as ameaças dirigidas à Turquia serão punidas de forma semelhante".
Davutoglu disse que os ataques turcos tinham como alvo bases do Estado Islâmico em torno de Bashiqa, no norte do Iraque, onde Ancara recentemente implantou uma unidade de força de proteção para defender soldados turcos que treinam uma milícia iraquiana para combater os radicais sunitas.
Os ataques transfronteiriços na Síria atingiram uma área em torno de Marea, cidade dominada pelos rebeldes, a 20 km da fronteira turca e perto de uma "zona segura" que a Turquia deseja estabelecer no norte da Síria para cercar o Estado Islâmico.
"Nossos ataques em solo nessas bases continuam e, se necessário, nossa força aérea irá agir", Davutoglu disse durante a conferência.
Durante muito tempo a Turquia foi um parceiro relutante na luta da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, recusando um papel na linha de frente militar, argumentando que apenas a deposição do presidente sírio Bashar al-Assad - e não apenas bombardear os jihadistas - traria a paz na Síria, um argumento que mantém. Mas o país vem enfrentando uma série de ataques letais dos militantes radicais sunitas nos últimos seis meses, incluindo um atentado suicida na cidade fronteiriça de Suruc em julho do ano passado e em atentado duplo em Ancara, em outubro, que matou 100 pessoas, no pior ataque de desse tipo em solo turco.
(Reportagem adicional de Daren Butler, Ayla Jean Yackley e Melih Aslan em Istambul)