Por Lefteris Papadimas e Costas Pitas
ATENAS (Reuters) - Os bancos gregos estão prontos para reabrirem suas agências em todo o país na segunda-feira, após três semanas fechados, disseram autoridades, enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu que as negociações para um resgate do país sejam rápidas, para que Atenas possa suspender os limites a saques bancários.
A reabertura cautelosa dos bancos, e o aumento na segunda-feira do imposto sobre valor agregado incidente nas refeições em restaurantes e no transporte público, visam restaurar a confiança dentro e fora da Grécia, após um acordo de ajuda em troca de reformas na semana passada ter evitado a falência do país.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, está tentando virar a página após ter aceitado com relutância negociar os termos de um terceiro resgate, permitindo que o Banco Central Europeu forneça linhas de crédito aos bancos, mas gerando uma rebelião em seu partido de esquerda, o Syriza.
"Os controles de capital e restrições de saques serão mantidos, mas estamos entrando em uma nova fase, que todos nós esperamos que seja de normalidade", disse o chefe da associação de bancos da Grécia, Louka Katseli, à TV Skai.
O correntistas gregos poderão sacar 420 euros por semana de uma vez, ao invés de 60 euros por dia, mas efetivamente o limite é o mesmo.
"Isso não é uma vida normal por isso temos que negociar rapidamente", disse Merkel em entrevista à emissora pública alemã ARD.
Merkel disse neste domingo que seria possível falar sobre alterar os vencimentos e reduzir os juros da dívida da Grécia após a primeira revisão bem sucedida do novo pacote de resgate que será negociado.
Berlim, o maior contribuinte para resgates da zona do euro, fará tudo o que poder para que as negociações sejam concluídas com sucesso, mas vai "negociar duro" para assegurar que Atenas cumpra os acordos, disse ela.
"Isso certamente não vai ser fácil, porque há coisas que temos discutido com todos os governos gregos desde 2010 que nunca foram feitas, mas que foram feitas em outros países como Portugal e Irlanda", disse ela.
A aceitação dos termos de resgate, que permitiu que os bancos possam reabrir, marcou uma reviravolta para Tsipras depois de meses de negociações difíceis e um referendo que rejeitou um acordo menos rigoroso proposto pelos credores.
Ele demitiu rebeldes do partido na reforma do gabinete na sexta-feira e está buscando um rápido início das negociações sobre um acordo de resgate com parceiros europeus e o Fundo Monetário Internacional (FMI) antes das eleições, que devem ocorrer em setembro ou outubro segundo o ministro do Interior, Nikos Voutsis.
No sábado o governo divulgou um decreto ordenando que os bancos abram suas portas na segunda-feira, fechadas desde o dia 29 de junho para evitar o colapso do sistema bancário, devido ao aumento dos saques por preocupações com a crise da dívida grega.
Mas, enquanto as pesquisas de opinião sugerem que a popularidade do primeiro-ministro continua alta, nas ruas de Atenas alguns estão céticos de que a reabertura dos bancos irá mudar muito o país atingido pela recessão e com uma taxa de desemprego de 25 por cento.
"Os bancos abrirem amanhã não vai mudar nada para mim", disse a funcionária de um hotel de 31 anos Joanna Arvanitaki. "Eu nunca retirei 60 euros por dia. Sessenta euros é o que eu tenho para as minhas despesas semanais."