Por Andrei Khalip
LISBOA (Reuters) - O candidato de centro-direita Marcelo Rebelo de Sousa venceu a eleição presidencial de Portugal no domingo, um resultado que deve ajudar a manter o equilíbrio político do país depois da guinada à esquerda na votação parlamentar de outubro.
No discurso da vitória, o social-democrata Rebelo de Sousa, de 67 anos, disse que irá trabalhar para criar consenso e consertar as divisões criadas na esteira da eleição anterior, quando a esquerda tomou o lugar do governo de centro-direita que impôs medidas de austeridade rígidas nos termos de um pacote internacional de ajuda financeira que vigorou entre 2011 e 2014.
A Presidência de Portugal é um cargo essencialmente cerimonial, mas exerce um papel importante em momentos de incerteza política –como a que assolou a nação europeia a partir de outubro passado, após o inconclusivo pleito parlamentar. Ele tem poder para dissolver o Parlamento e demitir o primeiro-ministro.
Portugal provavelmente precisará de todo o consenso possível no momento em que o enfraquecido gabinete de socialistas moderados, dependentes do apoio de partidos da extrema esquerda na legislatura, tenta reconciliar suas promessas de campanha de pôr fim à austeridade econômica com os cortes do déficit orçamentário prometidos à União Europeia.
"Esta eleição encerra um processo eleitoral muito longo... que enervou o país e dividiu uma sociedade já ferida por anos de crise. É hora de virar a página e acabar com o trauma e iniciar uma pacificação econômica, social e política", afirmou Rebelo de Sousa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde leciona.
"Temos que alinhar a justiça social ao crescimento econômico e à estabilidade financeira, sem comprometer a solidez financeira pela qual tantos portugueses sacrificaram tanto durante anos", acrescentou, referindo-se ao esforço de consolidação orçamentária de Portugal nos últimos anos, que ajudou o país a sair de uma crise de dívida severa.
Os resultados mostraram que Rebelo de Sousa, ex-jornalista e outrora líder dos social-democratas, de centro-direita, obteve 52 por cento dos votos, o suficiente para evitar um segundo turno.
Seu adversário mais próximo, o socialista Antônio Sampaio da Nóvoa, admitiu a derrota depois de ficar com 32 por cento dos votos. Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, teve 10 por cento das urnas a seu favor.