Por Andrew Cawthorne e Daniel Kai
CARACAS (Reuters) - A oposição venezuelana fracassou em reunir um grande número de pessoas nesta sexta-feira no mais recente protesto contra o presidente Nicolás Maduro, e a comissão nacional eleitoral adiou uma decisão sobre a próxima fase de um possível referendo sobre o governo socialista do presidente.
A coalizão Unidade Democrática está ficando sem opções para forçar um plebiscito neste ano e provocar uma eleição presidencial caso Maduro saia derrotado. Se um referendo for realizado em 2017 e ele perder, o vice-presidente assumiria para a segunda metade do mandato de seis anos de Maduro, assegurando a manutenção dos socialistas no poder.
Maduro, de 53 anos, tem visto a sua popularidade despencar devido aos problemas econômicos e está determinado a impedir o referendo neste ano, que, segundo as pesquisas, ele provavelmente perderia.
A comissão eleitoral declarou que uma reunião para organizar a próxima etapa do processo de referendo – a coleta da assinatura de 20 por cento dos eleitores, ou cerca de 4 milhões – foi adiada para segunda-feira por causa de “ameaças” contra a instituição.
Essa foi uma referência aos atos de rua da oposição nesta sexta-feira para protestar contra a demora da comissão eleitoral, que é acusada de ser parcial.
Apesar de uma passeata em 1° de setembro que reuniu um número estimado de um milhão de pessoas, somente centenas apareceram nesta sexta-feira devido a uma mistura de cansaço, apatia e necessidade de ficar nas filas por comida.
Henry Ramos, líder opositor, disse que, considerando o chamado de último minuto para as manifestações e o fato de as pessoas estarem enfrentando uma “ditadura”, a mobilização foi um sucesso.
Os venezuelanos sofrem com desabastecimento, inflação de três dígitos e um terceiro ano de recessão. Isso tem levado a saques, brigas em filas e manifestações espontâneas que podem ser uma ameaça maior para Maduro do que os atos organizados pela oposição.
"A situação é intolerável. Eu estou cansada de filas. Eu não encontro comida e remédios”, afirmou Edelmira Flores, 59 anos, enquanto exibia um cartaz na praça de Caracas nesta sexta.