Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - Os produtores de cimento do Brasil seguem sem perspectivas de retomada das obras de infraestrutura e de edificação no país, após verem as vendas acumuladas em 12 meses até março recuarem a níveis de meados de 2011, informou nesta terça-feira a associação que representa os produtores do insumo.
O setor encerrou o primeiro trimestre com queda de 14,5 por cento nas vendas sobre o mesmo período do ano passado, a 13,9 milhões de toneladas. Somente no mês de março, a queda em relação ao mesmo mês do ano passado foi de 16,1 por cento.
O cimento é um dos principais indicadores da saúde da economia e nos últimos meses a comercialização do produto tem sido afetada pela combinação de queda na renda da população, aumento de juros e incertezas sobre o cenário político e econômico do país que dificultam investimentos.
"A queda nas vendas não surpreendeu (...) O pior é que não conseguimos enxergar o fundo do poço. Se estivéssemos vendo uma reversão daqui uns meses... mas não é o caso. Estamos em ritmo de queda", disse o presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), José Otavio Carvalho.
Segundo ele, o setor espera para todo 2016 uma queda de entre 13 e 15 por cento nas vendas, para abaixo do patamar de 60 milhões de toneladas. A previsão, se confirmada, representa uma aceleração sobre o recuo observado em 2015, de 9,2 por cento.
Já para o segundo trimestre, o presidente do Snic avalia que a queda no consumo de cimento no país pode ser menor que no primeiro trimestre por conta de efeito de uma base mais fraca na comparação anual.
Carvalho afirmou que no setor de infraestrutura "tem obra parada no país inteiro sem ter perspectiva de reinício. E não vejo reiniciar isso sem solução no problema político".
Já em construção predial não está havendo reposição de obras acabadas e nem perspectivas sobre quando isso irá ocorrer, disse o presidente do Snic, citando como fator a queda acumulada nas vendas de vergalhões, usados em fundações e estruturas no início de obras.
As vendas de aços longos no primeiro bimestre no Brasil recuaram 14,5 por cento sobre o mesmo período do ano passado, segundo dados mais recentes do Instituto Aço Brasil (IABr), que representa as siderúrgicas.
No primeiro trimestre, todas as regiões do país tiveram queda nas vendas de cimento, segundo os dados do Snic, com destaque para os recuos de 22,8 por cento no Centro-Oeste, 16,3 por cento no Sudeste e 15,3 por cento no Nordeste.