SÃO PAULO (Reuters) - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira que o depoimento do petista ao magistrado marcado para setembro seja presencial e não por videoconferência, possibilidade aberta por Moro quando marcou o depoimento.
De acordo com o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Lula, o depoimento por videoconferência é uma excepcionalidade e Lula não se encaixa em nenhum dos casos previstos.
"Hoje, a defesa pediu que o juiz Sérgio Moro siga a lei e ouça Lula pessoalmente em setembro, segundo as regras do direito processual penal", escreveu Zanin em sua conta no Twitter.
Na peça, a defesa de Lula informou ainda que pretende realizar uma gravação independente do depoimento do ex-presidente, procedimento que já foi vetado por Moro quando do primeiro depoimento de Lula ao juiz, na ação penal em que Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo um apartamento tríplex. Moro não determinou que Lula fosse imediatamente preso.
"Com efeito, a gravação da audiência é uma prerrogativa do advogado, que a executa no exercício de missão indispensável à administração da justiça", afirma a defesa de Lula na petição.
O depoimento marcado por Moro para o dia 13 de setembro acontece no âmbito da ação em que Lula é acusado de receber como propina um terreno que seria destinado à construção da sede do Instituto Lula, além de um apartamento vizinho ao que mora em São Bernardo do Campo.
Ao abrir a possibilidade de que a oitiva fosse feita por videoconferência, Moro citou "gastos necessários, mas indesejáveis, de recursos públicos com medidas de segurança" para o depoimento anterior do ex-presidente em Curitiba.
O primeiro depoimento de Lula a Moro em maio foi cercado de expectativa e mobilizou manifestantes a protestar contra e a favor do ex-presidente em Curitiba. Um forte esquema de segurança foi montado para evitar confrontos, com um total de 1,7 mil policiais militares. Após o depoimento, Lula falou a milhares de simpatizantes numa praça no centro da cidade.
Lula nega ter cometido quaisquer irregularidades e seus advogados afirmam que o ex-presidente é alvo de perseguição política promovida por setores do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário.
(Por Eduardo Simões)