Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O financiamento imobiliário com recursos da poupança caiu no primeiro semestre, refletindo a contínua fraqueza da economia brasileira, o que levou a entidade do setor a prever outro ano negativo em 2017.
O crédito para compra e construção de imóveis por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somou 20,6 bilhões de reais de janeiro a junho, queda de 9,1 por cento em relação ao mesmo período de 2016, informou a Abecip.
Embora os números tenham apontado uma diminuição do ritmo de queda --em 2016, o recuo foi de cerca de 40 por cento-- também frustraram a Abecip, que passou a prever queda de 3,5 por cento para o crédito imobiliário em 2017, contra previsão anterior de alta de 5 por cento.
"A gente esperava uma recuperação já no primeiro semestre, mas isso atrasou", disse o presidente da Abecip, Gilberto de Abreu Filho.
Mantida a previsão atual, os bancos devem conceder 45 bilhões de reais pelo SBPE em 2017, o que seria o pior nível desde os 40 bilhões de reais apurados em 2008.
No conjunto, o desempenho do crédito para habitação só não será pior por causa de maiores financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que devem crescer 4,1 por cento este ano, para cerca de 72 bilhões de reais, de acordo com a Abecip.
Para Abreu Filho, entre os fatores que devem contribuir para uma retomada das concessões de crédito pelo SBPE estão a queda da Selic e a gradual retomada dos níveis de confiança de empresários e consumidores.
"Com a Selic provavelmente caindo para um dígito, a tendência é que a caderneta de poupança volte a ter captação líquida e que outras fontes de recursos para o setor imobiliário ganhem força", disse o executivo a jornalistas.