Por Philip Pullella e Daniel Ramos
LA PAZ (Reuters) - O papa Francisco chegou à Bolívia nesta quarta-feira e elogiou o governo do presidente Evo Morales, o primeiro líder indígena do país cujo relacionamento com a Igreja Católica começou a ganhar novas formas sob a gestão do pontífice argentino.
Morales nacionalizou indústrias importantes, como petróleo e gás, para financiar programas sociais que diminuíram a pobreza no país andino.
Francisco, o primeiro papa da América Latina, chegou do Equador no aeroporto de La Paz em El Alto, a mais de 4.000 metros acima do nível do mar, o aeroporto internacional de altitude mais elevada do mundo.
O papa, que perdeu parte de um pulmão devido a uma infecção quando era jovem, ficará apenas cerca de quatro horas em La Paz, sede do governo, antes de seguir para Santa Cruz, onde passará o resto de sua estadia de dois dias no país.
Ele parece não ter tido quaisquer dificuldades ao sair do avião, durante a leitura do discurso de chegada e no passeio ao centro da cidade para uma reunião privada com Morales.
"A Bolívia está dando passos importantes no sentido de incluir amplos setores na vida econômica, social e política do país", disse Francisco em seu discurso, vestindo um poncho branco sobre a batina branca para aquecê-lo contra o vento andino.
Morales, um indígena aymara e ex-cocaleiro, chegou ao poder em 2006 prometendo governar em favor da maioria indígena pobre, marginalizada pela elite dominante.
Em seu discurso ao papa, Morales, que frequentemente entrava em confronto com autoridades da Igreja na Bolívia antes de as relações melhorarem quando Francisco foi eleito em 2013, cumprimentou o papa como um herói que está voltando para casa.
"Em muitos momentos históricos, a Igreja foi utilizada para a dominação, subjugação e opressão. Agora, o povo boliviano te recebe com alegria e esperança", disse Morales.
"Nós te recebemos como o principal representante da Igreja Católica que vem apoiar a libertação de nosso povo boliviano."
No seu caminho para o centro de La Paz, o papa parou no local onde o corpo do padre jesuíta Luis Espinal Camps foi encontrado em 1980. O sacerdote, que era defensor forte dos direitos dos mineiros, foi torturado e assassinado por paramilitares.
"Rezemos por este nosso irmão que foi vítima de interesses", disse o papa, pedindo à multidão na estrada para se juntar a ele em um minuto de silêncio.