Por Raphael Satter
(Reuters) - A União Europeia encontrou evidências de que smartphones usados por alguns de seus funcionários foram invadidos por um software de espionagem de uma empresa israelense, disse o principal oficial de justiça do bloco em carta vista pela Reuters.
Em carta de 25 de julho enviada à parlamentar Sophie in't Veld, o comissário de Justiça da UE, Didier Reynders, disse que a Apple (NASDAQ:AAPL) o informou que seu iPhone possivelmente havia sido hackeado pelo Pegasus, ferramenta desenvolvida e vendida a governos pela empresa de vigilância israelense NSO Group.
O aviso da Apple desencadeou a inspeção dos dispositivos pessoais e profissionais de Reynders, bem como de outros telefones usados por funcionários da Comissão Europeia.
Embora a investigação não tenha detectado provas conclusivas de que os telefones de Reynders ou de funcionários foram invadidos, os investigadores descobriram indicadores de comprometimento, termo usado para descrever que existem evidências mostrando que um ataque ocorreu.
Reynders disse que "é impossível atribuir esses indicadores a um perpetrador específico com total certeza". Ele acrescentou que a investigação ainda está ativa.
Um porta-voz da NSO disse que a empresa cooperará com uma investigação da União Europeia. "Nossa assistência é ainda mais crucial, pois não há provas concretas até agora de que ocorreu uma violação", disse a porta-voz em comunicado à Reuters.
O NSO Group está sendo processado pela Apple por violar seus termos de usuário e contrato de serviços.
Na semana passada, o comitê de parlamentares anunciou que sua investigação descobriu que 14 Estados membros da União Europeia compraram tecnologia NSO no passado.
A carta de Reynders diz que oficiais de Hungria, Polônia e Espanha foram ou estão sendo questionadas sobre uso do Pegasus.
A Comissão Europeia também levantou a questão com oficiais israelenses, pedindo que tomem medidas para "impedir o uso indevido de seus produtos na União Europeia", diz a carta.
Um porta-voz do Ministério da Defesa de Israel não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
(Por Raphael Satter e Christopher Bing)