Por Maria Ramirez
CIUDAD GUAYANA, Venezuela (Reuters) - Em uma manhã recente em Bolívar, Estado do sul da Venezuela, Amanda Santamaria, seus dois filhos, uma afilhada e uma neta fizeram fila diante de um centro de saúde comunitário precário na esperança de receber tratamento para malária.
Os cinco foram vitimados pela doença transmitida por mosquitos, que está se espalhando rapidamente pelo país, onde um colapso econômico está provocando uma escassez de remédios e de médicos.
"Não sabemos se isto é uma maldição, mas a área toda está tomada pela malária", disse Amanda, de 56 anos, que foi contaminada pela segunda vez nos últimos três meses e recorre a chás de erva paliativos por não estar encontrando medicamentos convencionais.
A família esperava juntamente com cerca de 500 outras pessoas debaixo de um sol escaldante para tentar receber o tratamento.
Acredita-se que as condições insalubres de Bolívar causaram a epidemia recente de malária, uma doença que pode matar e que havia sido controlada em grande parte na Venezuela nos anos 1990.
Inicialmente o surto parece ter sido provocado pela mineração ilegal. Os mineiros desmatam florestas tropicais e muitas vezes trabalham em poças de água estagnada, que favorecem a disseminação dos mosquitos e da malária.
Em uma divulgação de dados rara ocorrida neste ano, estatísticas do governo mostraram que houve 240.613 casos de malária em 2016 –76 por cento a mais do que em 2015, a maior parte deles em Bolívar.
O ex-ministro da Saúde foi demitido depois da publicação dos dados, que desde então não foram atualizados.
O governo não respondeu a um pedido de comentário sobre o surto de malária.
Em uma visita a Bolívar realizada no início de novembro, a vice-ministra da Saúde, Moira Tovar, disse que a epidemia no Estado será controlada dentro de três meses. Segundo ela, 32 pessoas morreram em uma única semana no final de outubro.
"A que se devem (estas mortes)? Devem-se ao fato de que pessoas que estão infectadas e sabem da doença não visitam centros de saúde a tempo. Em vez disso elas esperam que a doença piore antes de procurarem atenção."