SÃO PAULO (Reuters) - A startup de vacinas a domicílio Beep Saúde disse nesta quinta-feira que passou a dar lucro, e anunciou a captação de cerca de 100 milhões de reais junto a uma gestora internacional focada em questões climáticas, com a tese de que o aumento das temperaturas globais pode aumentar a demanda por vacinas.
A Beep Saúde, fundada no Rio de Janeiro em 2016, oferece vacinas e exames diagnósticos em domicílio em mais de 100 cidades brasileiras.
A companhia disse que a nova rodada de investimentos foi liderada pela empresa de investimentos Lightsmith, de Nova York.
O diretor administrativo da Lightsmith, Jay Koh, que ingressará no conselho da Beep, afirmou que as mudança climáticas devem elevar os casos de doenças transmitidas por mosquitos, aumentando a necessidade de vacinas.
A Lightsmith calculou que a Beep tem uma operação significativa ligada ao clima, mas que não é a maior parte de seu negócio no momento, disse Koh em entrevista.
A Beep fornece atualmente mais de 30 vacinas, inclusive contra meningite e gripe, e oferta exames como de sangue e urina. Recentemente, a empresa também entrou no negócio de infusões.
A Beep diz ter recebido com surpresa o motivo que levou ao investimento da Lightsmith. "A gente nem se enxergava como uma empresa que endereça os desafios climáticos", disse à Reuters o fundador e presidente-executivo da Beep, Vander Corteze.
A Beep foi avaliada em 1,2 bilhão de reais na nova rodada, e pretende utilizar os recursos levantados para expandir e melhorar a eficiência logística, disse Corteze.
A companhia afirmou que se tornou lucrativa no início deste ano, mas não informou quanto lucro obteve.
Em 2022, a startup teve que demitir parte dos funcionários e renegociar acordos com fornecedores, disse Corteze.
A Beep também tem como acionistas o CZI, veículo de investimento filantrópico que o bilionário Mark Zuckerberg fundou com sua esposa, Priscilla Chan, além de nomes como a gestora brasileira focada em saúde DNA Capital e um veículo de investimentos do Bradesco (BVMF:BBDC4).
Dos quase 50 unicórnios -- nome dado a startups com avaliação de ao menos 1 bilhão de dólares (cerca de 5,6 bilhões de reais no câmbio atual) -- que nasceram na América Latina, incluindo mais de 20 no Brasil, nenhum é do setor de saúde, segundo levantamento da fintech Distrito.
(Por André Romani em São Paulo; reportagem adicional de Peter Henderson em Oakland, Estados Unidos)