(Repete sem alterações texto publicado na terça-feira)
Por Tatiana Ramil
SÃO PAULO (Reuters) - Modalidades pouco tradicionais no país, como canoagem, handebol, polo aquático e tiro esportivo, tornaram-se fundamentais para o Brasil alcançar o objetivo de ficar entre os 10 países com maior número de medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
O país tradicionalmente conquista medalhas olímpicas em cerca de oito modalidades, mas precisa aumentar o leque para 13 para terminar no top 10 da Olimpíada no número total de medalhas, segundo meta do Comitê Olímpico do Brasil (COB), embora o Comitê Olímpico Internacional (COI) monte o quadro de medalhas a partir da quantidade de ouros.
"Podemos dizer que hoje o COB trabalha com cerca de 17 modalidades potenciais de resultados em 2016, para chegarmos em 2016 'medalhando' em cerca de 13", disse à Reuters o diretor executivo de esportes do COB, Marcus Vinicius Freire, em entrevista por e-mail.
O COB prefere não citar quais as novas modalidades e atletas que podem figurar entre os medalhistas, mas, de acordo com os resultados dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no mês passado, algumas delas ratificaram conquistas feitas nos últimos anos.
"Podemos destacar canoagem, handebol, polo aquático e tiro esportivo, entre outras, como modalidades que confirmaram o seu desenvolvimento nesse ciclo olímpico e chegam ao Rio em condição de uma excelente performance", afirmou Freire.
Com duas medalhas de ouro e uma de prata no Pan, o canoísta Isaquias Queiroz, de 21 anos, que já foi campeão mundial, é um dos exemplos de atletas que aparece como candidato a medalha em 2016.
O handebol, embora bastante difundido nas escolas, apenas em 2013 ganhou seu título mais importante, o de campeão mundial entre as mulheres. Com alguns atletas naturalizados, o polo aquático masculino conseguiu em junho uma vitória histórica contra a campeã olímpica Croácia.
Mas, por mais que aposte em estreias no pódio, as modalidades classificadas pelo diretor do COB como "carros-chefe" continuam sendo o judô e o vôlei, incluindo o vôlei de praia. Em Londres-2012, o Brasil conquistou 17 medalhas em oito esportes (judô e vôlei ganharam quatro cada um), ficando com a 15ª posição por número total de medalhas e a 22ª no quadro oficial.
Para alcançar a meta estipulada pelo COB, o país precisa aumentar bastante a quantidade de pódios. Em Pequim-2008, a Ucrânia ficou em 10º pelo critério de número de medalhas com 27 no total, e em Londres-2012 a posição foi ocupada pela Itália, com 28. Esses dois países tiveram medalhas em cerca de 13 modalidades.
Para o atual ciclo olímpico, o COB está investindo cerca de 700 milhões de reais. Há ainda verba de 1 bilhão de reais do governo federal para apoio a atletas olímpicos e paralímpicos, com parte desses recursos destinada também à construção e reformas de centros de treinamento.
TREINO INTELIGENTE
O Brasil tem hoje 353 atletas garantidos para os Jogos do Rio. A expectativa do COB é que o número chegue a 400, um recorde em Olimpíada para o país e com um grupo que mesclará juventude e experiência.
A um ano da Olimpíada, o COB afirmou que pretende "intensificar as ações de preparação técnica, física e mental e a estruturação esportiva das equipes brasileiras", após um planejamento elaborado desde 2009 e que visa tornar e manter o Brasil uma potência olímpica.
"Neste último ano de preparação, o treinamento necessita ser eficiente e inteligente. Um ano de estudo dos adversários e de atenção aos detalhes. Podemos e devemos buscar sempre a melhora do nosso desempenho", afirmou em comunicado recente o gerente-geral de performance esportiva do COB, Jorge Bichara.
Um dos atletas mais experientes, o jogador de vôlei Serginho, de 39 anos, acredita em uma preparação de longo prazo. "Estamos a um ano da Olimpíada e isso é pouco para formar um atleta. Alguns atletas já vêm pintando a cor da sua medalha há algum tempo e agora tem que trabalhar para confirmar", disse o campeão em Atenas-2004 e medalhista de prata em Pequim-2008 e Londres-2012.
Para a medalhista de bronze no pentatlo moderno em Londres, Yane Marques, disputar uma Olimpíada em casa é uma oportunidade única e aumenta a chance dos brasileiros.
"Em casa a gente se cobra mais e aí tem que treinar e se dedicar mais, consequentemente, aumentam as chances de vencer. Minha meta é chegar em 2016 no meu auge e estar com chances reais de chegar ao pódio", declarou ela.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)