Por Mark Trevelyan e Jake Cordell
(Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que o Exército russo precisa tirar lições e consertar os problemas que sofreu na Ucrânia, prometendo dar aos militares tudo o que for necessário para prosseguir com uma guerra que está prestes a completar 10 meses.
Em um discurso para chefes de defesa em Moscou, Putin disse que não há limites financeiros para o que o governo fornecerá em termos de equipamentos.
"Não temos restrições de financiamento. O país e o governo estão providenciando tudo o que o Exército pede", afirmou.
Putin reconheceu, não pela primeira vez, que a convocação de 300.000 reservistas que ele ordenou em setembro não foi tranquila.
"A mobilização parcial que foi realizada revelou alguns problemas, como todos bem sabem, que devem ser resolvidos prontamente", disse.
Ele também se referiu a outros problemas não especificados nas Forças Armadas e disse que críticas construtivas devem ser consideradas.
"Peço ao Ministério da Defesa que esteja atento a todas as iniciativas civis, inclusive levando em consideração as críticas e respondendo corretamente, de maneira oportuna", afirmou.
"É claro que a reação das pessoas que veem problemas --e sempre há problemas em trabalhos tão grandes e complexos-- pode ser emocional, mas precisamos ouvir aqueles que não escondem os problemas existentes, mas se esforçam para contribuir com sua solução."
Foi o último de uma série de comentários recentes nos quais Putin reconheceu, embora indiretamente, os desafios que seu Exército está enfrentando.
Na terça-feira, ele disse a autoridades de segurança que a situação em quatro regiões da Ucrânia que a Rússia reivindicou como seu próprio território --algo que Kiev rejeita-- era "altamente complicada".
E em 7 de dezembro, ele declarou que a Rússia poderia lutar na Ucrânia por um longo tempo.
Quase 10 meses depois de sua invasão em 24 de fevereiro, a Rússia ocupa uma enorme faixa do leste e sul da Ucrânia ao longo de uma frente que se estende por cerca de 1.100 km, mas sofreu uma série de derrotas que mudaram o ímpeto da guerra em favor de seu adversário menor.
Mesmo blogueiros de guerra pró-Kremlin expressaram irritação e consternação com o desempenho dos generais da Rússia, a conduta caótica da mobilização e a cessão do território que a Rússia havia capturado --principalmente no mês passado, quando se retirou de Kherson, a única capital provincial que a Rússia tinha capturado desde o início da invasão.
Putin disse que não se arrepende de ter lançado o que chama de "operação militar especial", argumentando que a Rússia não teve escolha a não ser enfrentar as arrogantes potências ocidentais.
Nesta quarta-feira, ele afirmou que ainda considera os ucranianos --que foram mortos às dezenas de milhares, forçados a fugir aos milhões e viram vilas e cidades inteiras destruídas-- um povo "irmão".
"O que está acontecendo é obviamente uma tragédia, nossa tragédia em comum, mas não é resultado de nossa política", disse Putin.
"Pelo contrário, é o resultado da política de outros países, terceiros países, que sempre lutaram por isso, a desintegração do mundo russo. Até certo ponto, eles conseguiram e nos empurraram para a linha onde estamos agora."