MADRI (Reuters) - A Telefónica ganhou novos consumidores na Espanha em um ritmo mais rápido no segundo trimestre. No Brasil, disse estar tentando reduzir as preocupações de autoridades sobre mudanças societárias na Telecom Italia, dona da TIM, e que monitora "todos os cenários" em torno de uma potencial venda da operadora brasileira GVT.
A Espanha tem sido o ponto mais fraco para a maior operadora de telecomunicações da Europa em receita, enquanto os consumidores com menos dinheiro cortaram gastos com celular, Internet e serviços de televisão durante uma profunda recessão encerrada no ano passado. Apesar disso, os resultados do segundo trimestre mostram evidências de que os recentes investimentos em redes de fibra óptica e pacotes que combinam celular e linhas fixas, Internet de alta velocidade e TV podem começar a dar retorno. A companhia, que concordou em comprar o negócio de TV paga da Prisa, o Canal+, disse que 348 mil novos clientes assinaram pacotes de TV na Espanha no segundo trimestre e que ganhou assinantes de celular no país pela primeira vez em três anos. Também disse que conectou agora 5 milhões de residências para sua rede de fibra na Espanha e que o serviço tem 861 mil clientes, depois de novas assinaturas terem subido 70 por cento na comparação com o primeiro trimestre. A melhora, no entanto, vem às custas de margens menores, queda de dois pontos percentuais na comparação com o primeiro trimestre, com alguns analistas questionando se a Telefónica irá eventualmente tirar proveito de seus investimentos. A margem operacional antes de depreciação e amortização caiu para 45,8 por cento no segundo trimestre. "Não há evidências de tração comercial melhor, mas a competição doméstica se intensificou, deixando algumas dúvidas sobre quais benefícios residuais a Telefónica terá depois de altos investimentos", disseram analistas da Jefferies em nota a clientes. As receitas na Espanha caíram 9,1 por cento no segundo trimestre. No entanto, outros analistas foram mais otimistas e disseram que a Telefónica em breve reportará crescimento, possivelmente no último trimestre deste ano ou nos primeiros três meses de 2015.
BRASIL
A recente reorganização promovida pela Telefónica em sua participação na Telecom Italia foi feita para mostrar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que a empresa não tem controle sobre a TIM Brasil, afirmou o grupo espanhol.
A Telefónica controla a Vivo, maior operadora móvel do Brasil, e é a maior acionista da Telecom Italia, que controla a TIM, uma situação que o Cade pediu para a Telefónica resolver até o próximo ano.
Em comunicado separado, a empresa anunciou ainda nesta quinta-feira que está monitorando "todos os cenários" em torno de uma potencial venda da operadora brasileira GVT, e está preparada para agir se necessário.
O vice-presidente financeiro da Telefónica, Angel Vila, afirmou que o Brasil não é um mercado em que os consumidores tendem a comprar serviços de telefonia celular e de banda larga em um único pacote, mas que isso pode algum dia evoluir da maneira como aconteceu na Europa.
"No Brasil, nossos negócios fixos estão seguindo o curso de nossa estratégia de recuperação", disse Vila. Perguntado se a Telefónica está atualmente interessada na GVT, Vila respondeu: "Estamos monitorando todos os cenários possíveis e nos preparando para agir de qualquer forma que for necessária."
MELHORA NO NEGÓCIO Os negócios da empresa fora da Espanha ficaram perto de se estabilizar na Alemanha e melhoraram no Reino Unido, no Brasil e no restante da América Latina, apesar da depreciação de moedas na região, o que derrubou os resultados. O lucro operacional caiu 15 por cento, para 4,13 bilhões de euros (5,5 bilhões de dólares) e as receitas caíram 11,8 por cento, para 12,73 bilhões de euros, em linha com a projeção de analistas. O lucro líquido subiu 4,9 por cento, para 1,21 bilhão de euros, principalmente devido a mudanças na contabilidade tributária no Brasil. A dívida, maior dor de cabeça da Telefónica no passado, aumentou em 1 bilhão de euros no trimestre, para 43,8 bilhões de euros, ainda no caminho para cumprir a meta de fechar o ano abaixo de 43 bilhões de euros. O nível da dívida, no entanto, não dá muita margem de manobra para a Telefónica em termos de potenciais compras em mercados como o México, onde o grupo disse nesta semana que estava em conversas sobre um possível acordo para ampliar sua fatia de mercado contra a América Móvil.