Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo anunciou nesta terça-feira novas e maiores metas de déficit primário, que subirão a 159 bilhões de reais neste e no próximo ano, confirmando a tendência de deterioração das contas públicas.
Ao fazer o anúncio, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificou as mudanças diante da queda "substancial" na arrecadação.
As metas anteriores para o déficit primário do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) eram de 139 bilhões de reais em 2017 e de 129 bilhões de reais para o próximo ano. Os novos valores precisam ser aprovados pelo Congresso.
Com a revisão da meta, a equipe econômica também retirou de seu horizonte a previsão de um superávit primário para o setor público consolidado. Antes do anúncio desta terça-feira, a expectativa era que o Brasil teria um superávit de 23,2 bilhões de reais em 2020. Agora, a estimativa passou para um rombo de 51,8 bilhões de reais nas contas públicas.
Com isso, serão sete anos consecutivos de dados negativos -- o Brasil acumula déficits primários desde 2014.
Para 2019, a perspectiva de déficit foi substancialmente piorada a 137,8 bilhões de reais, contra 63,8 bilhões de reais antes.
Já para este ano e o próximo, as metas de déficit para o setor público foram revisadas a 163,1 bilhões de reais e 161,3 bilhões de reais, respectivamente, contra 143,1 bilhões de reais e 131,3 bilhões de reais antes.
O mercado já vinha precificando há tempos rombos fiscais superiores às metas. As novas cifras, anunciadas nesta terça, são piores do que as últimas estimativas dos analistas, de déficit primário de 154,8 bilhões de reais para 2017 e de 130,5 bilhões de reais para 2018, conforme relatório Prisma Fiscal divulgado na quinta-feira.