RIO DE JANEIRO (Reuters) - Dois nomes indicados anteriormente pelo governo federal para ocupar cadeiras no Conselho de Administração da Petrobras (SA:PETR4) foram retirados pela União e não chegaram a ser votados em assembleia geral ordinária de acionistas realizada nesta quinta-feira, disse à Reuters um acionista.
A decisão, ainda não explicada pelo governo, deixou de fora o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal, e o engenheiro mecânico Nivio Ziviani, afirmou o acionista Deyvid Bacelar, que também é diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Em contrapartida, três nomes foram confirmados no colegiado: o novo presidente, o almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Ferreira, e os membros Roberto Castello Branco, presidente-executivo da Petrobras, e o economista João Cox.
Também na assembleia desta quinta-feira, houve a destituição de membro do Conselho de Administração eleito pelo acionista controlador, Segen Farid, uma decisão do novo governo Jair Bolsonaro, também não explicada. Farid, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ainda teria um ano no colegiado.
Com a mudança do governo federal, outros conselheiros renunciaram ao cargo, como Luiz Nelson Carvalho, Durval José Soledade e Francisco Petros.
Houve ainda a eleição nesta quinta-feira do conselheiro que representa os funcionários Danilo Silva, que já estava na posição desde dezembro, devido à renúncia de seu antecessor.
Com isso, o Conselho da Petrobras passa a contar com apenas oito membros, incluindo o presidente.
Também integram o conselho Ana Lúcia Zambelli, Marcelo Mesquita, Clarissa de Araújo Lins e Sônia Júlia Villalobos.
Atualmente, segundo as regras do estatuto da Petrobras, o Conselho de Administração deve ser integrado por, no mínimo, sete e, no máximo, 11 membros.
PRIVATIZAÇÕES
Em assembleia geral extraordinária, também nesta quinta-feira, houve aprovação de mudanças no estatuto da Petrobras, dentre elas uma permissão para que a venda de subsidiárias possa ser aprovada apenas pelo Conselho de Administração e não precise mais passar por assembleia de acionistas.
Segundo Bacelar, a medida teve 25 por cento de votos contra. Para ele, a decisão reduz a transparência, uma vez que os acionistas não terão mais acesso às informações levadas em conta pelo governo para a venda de empresas.
"Os acionistas tinham conhecimento, talvez não decidissem, porque o controlador é a União, mas o processo era mais transparente", disse Bacelar.
"A decisão será toda do conselho e a sociedade não terá mais conhecimento sobre esse processo de vendas, quais as perdas, quais os ganhos."
(Por Marta Nogueira)