Por Fabricio de Castro
(Reuters) - O dólar à vista voltou a cair ante o real nesta quarta-feira, pela quarta sessão consecutiva, com as cotações reagindo à expectativa de novos cortes de juros na China, a uma leitura dovish da decisão de política monetária do Federal Reserve e à elevação da perspectiva do Brasil por uma agência de risco.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8108 reais na venda, com baixa de 1,06%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 6 de junho de 2022, quando encerrou a 4,7959.
Pela manhã, a moeda norte-americana recuava no Brasil e no exterior, em meio à expectativa de que Banco do Povo da China possa cortar seus juros de médio prazo para estimular a economia.
Na sessão de segunda-feira, o mercado já havia reagido positivamente ao corte dos juros de curto prazo por Pequim.
Sempre que a China anuncia estímulos econômicos, as moedas de países exportadores de commodities, como o real brasileiro, são favorecidas, em detrimento do dólar.
A moeda norte-americana sustentou perdas até o meio da tarde, quando o Federal Reserve anunciou sua decisão de política monetária, bastante aguardada pelos investidores. O Fed anunciou a manutenção dos juros na faixa de 5% a 5,25% ao ano, mas sinalizou em novas projeções econômicas que os custos dos empréstimos podem aumentar mais 0,5 ponto percentual até o final do ano.
Esta perspectiva de novos aumentos de juros fez o dólar recuperar terreno ante várias divisas. Às 15h08, a moeda dos EUA virou para o positivo e marcou a máxima do dia no Brasil, de 4,8683 reais.
No entanto, o chair do Fed, Jerome Powell, acabou segurando a recuperação do dólar, ao adotar em alguns momentos um discurso um pouco mais brando -- ou “dovish”, no jargão do mercado – em fala à imprensa.
Powell afirmou que as projeções do Fed não são um “plano” ou uma “decisão”. Na prática, ele manteve a porta aberta para a instituição realizar qualquer movimento – seja manter a taxa de juros, seja elevá-la.
Com isso, o dólar voltou a perder força ao redor do mundo, inclusive em relação ao real.
Às 17:23 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,30%, a 102,990.
Perto do fechamento do dólar à vista no Brasil, a agência de classificação de risco S&P elevou a perspectiva para a nota de crédito do Brasil de "estável" para "positiva", e reafirmou o rating "BB-". De acordo com a agência, sinais de maior certeza sobre políticas fiscal e monetária estáveis podem beneficiar as perspectivas de crescimento econômico do país, atualmente baixas.
O anúncio deu novo impulso baixista à moeda norte-americana, que encerrou com baixa superior a 1%. No mercado futuro, o dólar para julho seguia apresentando perdas firmes na esteira do noticiário do dia.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,26%, a 4,8195 reais.