BRASÍLIA (Reuters) - Mesmo após as recentes medidas de estímulos anunciadas pelo Banco Central, as concessões no mercado de crédito no Brasil continuaram recuando mais de 2 por cento em agosto, ao mesmo tempo em que a inadimplência não cedeu, em meio ao cenário de atividade econômica fraca e inflação elevada.
Segundo informou o BC nesta sexta-feira, as concessões de empréstimos com recursos livres recuaram 2,2 por cento em agosto sobre julho, quando a queda havia sido de 2,3 por cento.
Considerando as concessões totais, incluindo as feitas também com recursos direcionados, a queda foi de 0,5 por cento em agosto, sobre a retração de 3,9 por cento no mês anterior.
No final de julho, o BC anunciou uma série de medidas --como redução no recolhimento de parte dos compulsórios à vista-- para estimular o mercado de crédito, com capacidade para injetar 45 bilhões de reais na economia. Menos de um mês depois, repetiu a dose ao divulgar mais ações, dessa vez com capacidade para colocar mais 25 bilhões de reais.
O BC informou ainda que o estoque total de crédito no Brasil subiu 1 por cento em agosto, acelerando sobre o avanço de 0,2 por cento do mês anterior. Assim, o estoque foi a 2,864 bilhões de reais, ou 56,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
No mês passado, a inadimplência no mercado de crédito brasileiro no segmento de recursos livres ficou em 5 por cento em agosto, igual ao patamar visto em julho. Considerando os recursos totais, a inadimplência também ficou estável, em 3,1 por cento.
No período, o spread bancário --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final-- ficou em 21,2 pontos percentuais no segmento de recursos livres, ante 21,4 pontos percentuais vistos em julho. No crédito total, o spread recuou a 12,7 pontos no mês passado, sobre 13,1 pontos em julho.
O BC informou ainda que a taxa média de juros no segmento de recursos livres fechou agosto em 32,2 por cento, um pouco menor que os 32,3 por cento em julho. No crédito total, os juros ficaram em 21,1, frente à taxa de 21,4 por cento apurada no mês anterior.
(Por Luciana Otoni)