Por Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - As ações da Vale (SA:VALE3) subiam 0,31% nesta terça-feira (27) após a companhia registrar um lucro líquido de US$ 5,546 bilhões no primeiro trimestre de 2021, uma alta de 2.220% em relação ao resultado do ano passado puxada pelos preços do minério de ferro.
Perto das 14h50, os papéis eram negociados a R$ 108,76, com alta acumulada de 11,69% nos últimos trinta dias e de 154% nas últimas 52 semanas.
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O resultado também cresceu de forma significativa em relação ao trimestre anterior, quando a empresa registrou ganhos de US$ 739 milhões.
Para os analistas da XP Investimentos, a realização mais forte de preços no segmento de minério de ferro, com alta de 20% na base trimestral e 1% acima do esperado, compensou parcialmente os menores volumes de vendas da companhia, que ficaram 6,7% abaixo da projeção da corretora.
Eles apontam que a Vale deve negociar com prêmio em relação aos pares por mudanças estruturais no setor de siderurgia na China em favor de prêmios de qualidade e, portanto, dos produtos da mineradora brasileira, pela tendência de queda de custos no longo prazo com a retomada das operações e pelos dividendos elevados.
Para 2021, a XP, que reiterou a recomendação de Compra para o papel, com preço-alvo de R$ 122, espera um retorno mínimo com dividendos de 6%, considerando um minério de ferro médio de US$ 135 a tonelada no final do ano.
O que diz o BTG Pactual
Já os analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) apontaram que o “surpreendente” foi que os resultados parecem um tanto “antigos”, já que os fundamentos melhoraram significativamente, além de um impulso de volumes sazonal.
O EBITDA da mineradora, de US$ 8,5 bilhões, ficou 8% abaixo da projeção do banco, apesar da alta de 178% na base anual.
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No entanto, eles apontam que os números operacionais foram “excepcionais onde é importante”, com a Vale conseguindo surpreender até os mais otimistas na conversão do EBITDA em fluxo de caixa (FCF) ao investidor de US$ 5,8 bilhões, um yield anualizado de 22%.
O banco de investimentos escreve ainda que a maior parte do FCF deve ser distribuída aos acionistas ao longo dos próximos trimestres, podendo implicar em retorno de caixa acima de US$ 10 bilhões para o restante do ano. No programa de recompra da empresa, eles acreditam que as compras devem acelerar durante as próximas semanas e meses.
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Eles reiteraram a recomendação de Compra, com preço-alvo de R$ 140, apontando que a empresa está “totalmente desvalorizada”, com um desconto de 30% a 35% ante os pares. Para eles, o patamar justo seria perto de 15%.
Safra Invest
Já o Safra Invest aponta que, apesar do EBITDA abaixo do consenso, a opinião positiva sobre a Vale continua a mesma, já que a força contínua do mercado de minério de ferro deve levar a uma boa geração de caixa e pagamentos de dividendos potencialmente atraentes.
Eles destacaram os níveis de dívida líquida expandida da Vale já estão bastante próximos da meta de US$ 10 bilhões, o que deve implicar que a maior parte da geração de caixa futura poderia ser usada em dividendos e recompras.
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Também apontaram que a assinatura do acordo com as autoridades sobre as reparações econômicas e ambientais decorrentes do rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho é um passo positivo para a empresa, já que estabeleceu um limite para o valor dos processos de danos coletivos e eliminou a exposição da empresa a “potencialmente inúmeras decisões judiciais e um processo legal demorado”.
Com isso, mantiveram o rating de Compra, com preço-alvo de R$ 98, apontando que a empresa deve continuar a se beneficiar de preços favoráveis, que devem suportar uma boa geração de caixa, abrindo espaço para bons pagamentos de dividendos.