Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - O balanço do primeiro trimestre da Vale (SA:VALE3) não foi uma surpresa para o mercado, que já esperava os impactos das chuvas de verão e das interrupções nas operações da companhia. Ainda assim, o anúncio do novo programa de recompra de ações foi bem recebido pelos analistas, que destacam os esforços da companhia em devolver valor aos acionistas.
Às 14h06, as ações da Vale subiam 2,14%, a R$ 83,93.
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O Ebitda da Vale chegou a US$ 6,55 bilhões no 1T22, uma queda de 23% na comparação com 1T21. Os resultados da Vale vieram em linha com o esperado pelo Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34) (BofA), que foram baseados nos números operacionais apresentados há algumas semanas. Como já havia sido informado, a companhia foi afetada pela maior incidência de chuvas no sudeste, pelo atraso na obtenção de licenciamentos em seu sistema Norte e pelas paradas realizadas nas operações de níquel e cobre.
O BofA destaca de forma positiva a proposta da Vale de recomprar de 500 milhões das suas ações, cerca de 10% das que estão em circulação, nos próximos 18 meses. O banco também aponta que a companhia já recomprou 168 milhões das 200 milhões definidas no programa de recompra anunciado em outubro passado. Em 2021, cerca de 30% do retorno obtido pelos acionistas veio por meio de programas de recompras da empresa.
A Vale também anunciou uma nova política de alavancagem, que estabelece uma nova meta de dívida líquida expandida para uma faixa entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões. Anteriormente, a meta era de US$ 15 bilhões e, para o Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34), isso deve trazer maior flexibilidade para a alavancagem do balanço. No momento, a dívida da empresa é de US$ 19,4 bilhões.
Por outro lado, o FCFE decepcionou novamente na visão do BofA, ao alcançar os US$ 1,2 bilhão. Esse resultado vem do aumento de US$ 720 milhões no capital de giro e do pagamento de impostos de US$ 2,6 bilhões. O BofA também destaca que as provisões relacionadas à descaracterização e a Brumadinho aumentaram de US$ 7,1 bilhões para US$ 8,3 bilhões principalmente devido à valorização do real no trimestre.
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O BofA espera que a média do preço do minério de ferro fique em US$ 127 por tonelada em 2022 e em US$ 95 em 2023, mas não descarta a possibilidade de que as previsões caiam ao longo do ano. Assim, o banco mantém uma indicação neutra sobre os papéis da Vale, com preço-alvo de R$ 107.
Da mesma forma, o Goldman Sachs enxerga as ações da Vale implicam um minério de ferro a US$ 85 por tonelada, o que é abaixo dos US$ 100 previstos para a commodity em 2023. Assim, o banco também possui uma indicação neutra para a empresa, com preço-alvo de US$ 19,50 para as ADRs.