Por Axel Bugge
PEDRÓGÃO GRANDE, Portugal (Reuters) - Mais de mil bombeiros ainda combatem nesta segunda-feira o incêndio florestal mais letal da história de Portugal, que matou ao menos 62 pessoas durante o fim de semana.
O primeiro-ministro português, António Costa, que no domingo visitou Pedrógão Grande, uma área montanhosa cerca de 200 quilômetros a nordeste de Lisboa, o classificou como a maior tragédia humana do passado recente do país.
Uma chuva leve iniciada na manhã desta segunda-feira só causou um alívio modesto à população atingida e aos bombeiros exaustos. Aviões levando água, inclusive franceses e espanhóis, retomaram suas missões após uma pausa de domingo para segunda-feira.
"Ainda há muita floresta que pode queimar, e a chuva não faz muita diferença", disse Rui Barreto, vice-chefe dos bombeiros, no quartel-general improvisado dos serviços de emergência em Pedrógão Grande enquanto trovões ecoavam nos céus sobre a cidade coberta de cinzas.
Os bombeiros disseram que as condições climáticas ainda são adversas na maioria das áreas onde as chamas ardem. Dois batalhões do Exército estão ajudando os serviços de emergência.
Dezenas de caminhões do Corpo de Bombeiros avançaram e recuaram para combater as chamas em áreas até 20 quilômetros ao norte de Pedrógão Grande. Como sinal da ajuda que Portugal está recebendo de seus vizinhos europeus, quatro caminhões de bombeiros da Espanha foram vistos partindo do quartel-general.
Ao menos metade das vítimas morreu dentro de seus carros tentando fugir por uma via expressa local, e muitos outros corpos foram encontrados perto da estrada, o que leva a crer que provavelmente abandonaram seus automóveis em pânico.
Apesar de o governo ter garantido que a resposta inicial dos serviços de emergência foi rápida e adequada, muitos veículos de mídia e moradores questionaram a eficiência da operação e o planejamento estratégico em um país que está habituado a ver incêndios em áreas florestais todos os anos.
"Então o que falhou neste sábado? Tudo, como vem falhando há décadas", disse a manchete do jornal Público, que culpou a falta de coordenação entre os serviços de prevenção de incêndios e os bombeiros e o planejamento deficiente de reservas florestais.
A polícia disse que um raio em uma árvore provavelmente iniciou o fogo no sábado em uma região atingida por uma onda de calor intensa e ventos secos e fortes que atiçaram as chamas.