Pequim, 21 mai (EFE).- O Governo chinês anunciou nesta terça-feira que a segunda viagem ao exterior do presidente Xi Jinping será para a América Latina e Estados Unidos, em um sinal da importância cada vez maior da região para Pequim.
Xi, cuja viagem começará no dia 31 de maio e será concluída em 8 de junho, visitará o México, Costa Rica e Trinidad e Tobago, enquanto sua ida aos EUA, onde se encontrará com o presidente Barack Obama, terá caráter de visita oficial.
Segundo afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Qin Gang, as visitas de Estado terão especial relevância para aprofundar as relações com os respectivos países, e injetarão "nova vitalidade" às relações com a América Latina e o Caribe.
No México, Xi se reunirá com o presidente do país, Enrique Peña Nieto, enquanto na Costa Rica se encontrará com a chefe de Estado, Laura Chinchilla, e em Trinidad e Tobago com o líder do país, Anthony Carmona.
Trata-se da segunda viagem ao exterior feita por Xi desde que assumiu a chefia de Estado de seu país, em março. A primeira foi à Rússia - como manda a tradição do regime chinês - e África.
Desde a posse dos novos líderes chineses, Pequim não deixou de assinalar a importância da América Latina, uma região com economia punjante e que reivindica cada vez com mais firmeza lugar que lhe corresponde nas instituições globais.
Para o professor Francisco Nieto Guerrero, diretor do "Americas Global Project", da Universidade de Georgetown, a política externa da China outorga prioridade às duas regiões, África e América Latina, esta última onde Pequim "vê um grande potencial por suas matérias-primas e mercados crescentes".
Quando partir para a América, Xi terá recebido três presidentes latino-americanos em seus dois meses de mandato: o mexicano Enrique Peña Nieto e o peruano Ollanta Humala, quando se encontraram no Fórum Econômico de Boao (sul da China) em abril, e o uruguaio José Mujica, que é esperado em Pequim a partir de sábado.
Além disso, o vice-presidente chinês, Li Yuanchao, acaba de retornar de uma viagem pela Argentina e Venezuela.
Segundo o porta-voz das Relações Exteriores chinês Hong Lei, a seleção do México para esta visita se deve porque o país "é uma grande economia de mercado emergente que tem uma relação de cooperação estratégica com a China".
De fato, durante a visita de Peña Nieto a Boao, ambos os países acordaram em dar um novo impulso à relação bilateral, afetada até agora pelo forte desequilíbrio a favor da China na balança comercial bilateral.
No ano passado, a China vendeu ao México bens pelo valor de US$ 56,9 bilhões, enquanto o país americano exportou US$ 5,7 bilhões à República Popular.
Em declarações à Agência Efe, o chanceler mexicano, José Antonio Meade, que nos últimos dois dias liderou uma delegação de altos funcionários e empresários de seu país em Pequim, ressaltou que "buscam os melhores espaços e oportunidades" na relação bilateral.
O México está interessado em abrir oportunidades de negócio no setor agropecuário, energético ou turístico, entre outros.
Assim, em Boao foram assinados memorandos de entendimento entre Pemex e as empresas chinesas Xinxing Cathay International e China National Petroleum Company (CNPC), esta última a maior petrolífera do país asiático, para impulsionar uma maior exportação de petróleo do México ao gigante asiático, segundo importador mundial.
Segundo Meade, este tipo de acordos fornecerão "mais elementos de equilíbrio" à relação comercial bilateral.
Xi já tinha visitado o México em 2009, dentro de uma viagem pela América Latina, quando ainda era vice-presidente de seu país.
Na Costa Rica, a viagem de Xi será a segunda de um chefe de Estado chinês desde 2007, quando ambos os países estabeleceram relações diplomáticas. Em 2008, o então presidente Hu Jintao visitou o país centro-americano.
Desde o estabelecimento de relações, ambos os países firmaram diversos acordos de cooperação econômica, assinaram um Tratado de Livre-Comércio e acordaram edificar uma refinaria conjunta no valor de US$ 1 bilhão no Caribe costarriquenho, entre outras coisas.
Segundo Hong, o país foi elegido para a viagem porque "é o primeiro país centro-americano com laços diplomáticos com a China e mantém relações amistosas e de cooperação conosco". EFE