Arantxa Iñiguez.
Davos (Suíça) 23 jan (EFE).- Os participantes do Fórum Econômico Mundial consideraram nesta quarta-feira que a economia global ainda está sujeita a grandes riscos, apesar de serem menores que há um ano, principalmente os relacionados com a desintegração da zona do euro.
A elite econômica, financeira e política mundial reúne-se a partir de hoje na 43ª edição do Fórum de Davos, que este ano debate como superar o "espírito de crise".
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, por exemplo, disse que a prioridade da Europa é atualmente "o crescimento e a criação de emprego".
Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial realizado na cidade suíça de Davos, Lagarde afirmou que a Europa deve assegurar que as medidas adotadas até agora "sejam operacionais".
A economia europeia enfrenta muitos desafios, entre eles "uma união fiscal mais profunda", mas "o destino vem através da fumaça e do nevoeiro", assegurou Lagarde.
"O que fizeram (alguns países europeus) nos últimos 18 meses é incrível", acrescentou.
Neste sentido, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, lembrou as reformas estruturais que seu Governo aprovou no ano passado - com o apoio do Parlamento -, que contribuíram para que aumentasse a confiança em seu país, o que baixou o prêmio de risco de 575 a 260 pontos.
No entanto, Monti reconheceu que "a Itália ainda tem muito a fazer".
O primeiro-ministro italiano garantiu em Davos que "a Itália será um membro muito ativo na Europa" depois que seu colega do Reino Unido, David Cameron, se comprometeu hoje a consultar os britânicos em um referendo se querem "ficar ou sair" da União Europeia, desde que vença as eleições em 2015.
O FMI considera que a zona do euro ficará à margem da recuperação econômica global em 2013 e fechará o ano com uma contração de 0,2%, enquanto a economia mundial crescerá 3,5% impulsionada pelos países emergentes e pelo bom comportamento dos Estados Unidos.
Nesse sentido, a diretora-gerente do FMI pediu aos EUA que cheguem a um acordo sobre o teto máximo do endividamento orçamentário.
"No mundo globalizado a cooperação política é muito importante, como ficou provado durante a crise, e o nacionalismo não é o caminho a ser seguido", ressaltou Lagarde.
O setor financeiro internacional pediu em Davos uma regulação diferente, mas se opôs a um aumento do controle, considerou que se mantêm os riscos para a estabilidade econômica global, mas também opinou que são notavelmente menores que antes.
Representantes da indústria financeira internacional fizeram um "mea culpa" cinco anos depois da explosão da pior crise financeira desde 1929 e agora querem emendar os erros e excessos cometidos no passado.
O presidente do conselho de administração do banco suíço UBS, o alemão Axel Weber, comentou que "os bancos precisam de uma nova estratégia" e que é necessário separar-se das práticas do passado, nos anos bons, e regular os danos gerados.
Weber, que anteriormente foi presidente do Bundesbank, declarou também que os bancos centrais podem comprar tempo, mas não podem regular assuntos em longo prazo.
"Estamos vivendo agora à custa da geração futura", afirmou Weber para assinalar o caráter insustentável em médio e longo prazo de algumas medidas adotadas para enfrentar a crise, como reduzir as taxas de juros a um nível historicamente baixo, algo correto e necessário entre 2007 e 2010, mas insustentável no futuro.
Além disso, Lagarde lembrou que o nível de dívida em relação com o Produto Interno Bruto (PIB) é atualmente de 110% e advertiu que "isto é o que vamos deixar às gerações futuras".
Davos, cidade no leste da Suíça de 12 mil habitantes, reúne anualmente desde 1971 os líderes econômicos, financeiros, empresariais e políticos para debater as principais ameaças globais. EFE
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