Por Julia Symmes Cobb e Helen Murphy
BOGOTÁ (Reuters) - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e Álvaro Uribe, seu opositor, se encontraram nesta quarta-feira numa tentativa de resolver as diferenças relacionadas ao acordo de paz com os rebeldes das Farc que foi rejeitado numa votação surpreendente nesta semana, deixando o país num limbo.
Os dois se disseram dispostos a buscar um fim para a guerra de 52 anos que matou mais de 220 mil pessoas e expulsou milhões das suas casas.
O surpreendente resultado do referendo do domingo, que deixou confusos os institutos de pesquisa e foi um desastre político para Santos, resultou em incertezas sobre o futuro dos rebeldes das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc), que deveriam entregar as armas quando o acordo fosse aprovado pelos eleitores.
Depois de mais de três horas de conversa, o ex-presidente Uribe enfatizou a necessidade de “ajustes e propostas para buscar um novo acordo de paz que inclua todos os colombianos”.
Sem dar nenhuma proposta concreta, Uribe, de 64 anos, disse que Santos havia se mostrado disposto a mudanças.
Uribe, ex-advogado e criador de gado, se opôs às negociações de paz de Santos desde o início e afirmou que o acordo final, alcançado em agosto depois de quatro anos de negociações em Havana, fez muitas concessões aos rebeldes.
Ele liderou a campanha pelo “não”, pedindo que os colombianos rejeitassem o acordo que daria às Farc assentos no Parlamento e imunidade. O “não” ganhou por menos de meio ponto percentual.
“Nós identificamos que muitas das preocupações deles vêm de pontos que precisam de esclarecimentos e precisão. Hoje, começamos a trabalhar com eles para detalhar esses pontos e resolver as dúvidas”, disse Santos em comunicado.
O futuro do acordo parece depender da disposição das Farc de aceitar condições mais duras para a desmobilização, combinada talvez com uma suavização das exigências de Uribe.
Santos já foi do governo de Uribe, mas os dois não se encontravam desde 2010.
O governo tem dito que cabe aos rebeldes a decisão de reabrir as negociações.
Negociadores do governo estão em Havana para conversar com comandantes da guerrilha, que têm dito que vão permanecer “fiéis” ao acordo.