Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a quinta-feira em alta de mais de 1 por cento, indo no patamar de 3,13 reais, com o mercado cauteloso após o governo aprovar com margem estreita a terceirização, levantando dúvidas sobre o avanço de outras reformas no Congresso Nacional, sobretudo a da Previdência.
A expectativa pelo contingenciamento do orçamento deste ano também influenciou o mercado cambial, com os investidores reagindo à clara sinalização de que o governo do presidente Michel Temer elevará impostos em breve.
O dólar avançou 1,36 por cento, a 3,1378 reais na venda, depois de ter batido a máxima do dia de 3,1423 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,6 por cento no final da tarde.
"O mercado ainda espera aprovação das reformas. Mas se continuar havendo sinalização de piora, haverá reprecificação dos ativos", afirmou o operador da gestora Quantitas Matheus Gallina.
Na véspera, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que regulamenta a terceirização e altera as regras para contratos temporários de trabalho por 231 votos a 188. Para passar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera a Previdência, no entanto, o governo precisa reunir ao menos 308 votos na Casa.
A reforma da Previdência é considerada pela grande maioria dos agentes econômicos como fundamental para o país colocar as contas públicas em ordem.
O sinal claro, também dado na véspera, de que o governo vai aumentar impostos para melhorar as receitas e tentar cumprir a meta fiscal deste ano, de déficit primário de 139 bilhões de reais, também não agradou ao mercado nesta sessão.
"O governo terá que aumentar impostos e, se isso já não fosse negativo, volta e meia fala-se em subir imposto sobre o câmbio", comentou o operador-sênior de uma corretora nacional, referindo-se à possibilidade de elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) das operações cambiais.
Os investidores continuaram reagindo também às consequências para a balança comercial após a operação Carne Fraca, com países restringindo a importação da carne brasileira. Nesta quinta-feira foi a vez de o Egito.
Na véspera, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que a média do embarque diário de carne do Brasil era de 63 milhões de dólares e que havia despencado para 74 mil dólares.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente nesta sessão o lote de até 10 mil swaps tradicionais --equivalente à venda futura de dólares --ofertados para rolagem dos contratos de abril. Já foram seis leilões iguais, que reduziram a 6,711 bilhões de dólares o estoque que vence no mês que vem.