SÃO PAULO (Reuters) - Uma recessão acentuada no Brasil forçou distribuidores de eletricidade a comprarem energia que não podem vender, acrescentando mais um fator à dificuldades enfrentadas pelas companhias durante a crise, disse o presidente do grupo AES Brasil, Julian Nebreda, nesta segunda-feira.
O executivo disse a investidores que a unidade Eletropaulo da companhia, a maior empresa de distribuição de energia do país, poderia perder até 110 milhões de reais em 2016 devido a contratos rígidos.
"Não entendo como podem obrigar uma empresa de distribuição a comprar energia que não precisa. Que mundo é esse?", disse Nebreda, que ocupou cargos na Europa e na América Latina antes de assumir como presidente-executivo da AES Brasil em abril.
Ele acrescentou que a empresa está conversando ativamente com Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para encontrar uma solução.
A situação descrita por Nebreda não é exclusiva à Eletropaulo. Outras empresas de distribuição de energia do Brasil estão enfrentando o mesmo problema devido ao impacto da recessão mais profunda do país desde 1930.
No mercado regulado de energia do país, distribuidores têm que comprar energia de geradores em leilões regulares, fechando contratos para atender a demanda esperada para períodos de até 20 anos.
No entanto, a recessão causou uma acentuada reversão no uso de eletricidade após anos de crescimento estável. Nos dois últimos anos, a demanda caiu no Brasil e distribuidores estão pagando geradores por energia que não estão vendendo.
As regras também barram distribuidores de vender a oferta excedente no mercado aberto. Companhias estão brigando por compensação ou pela opção de negociar o excedente de eletricidade no mercado livre.
A Aneel abriu uma consulta pública para receber sugestões para modificar os contratos, mas não há data estabelecida para uma decisão sobre o assunto.
A Eletropaulo, que abastece 20 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, disse que a demanda por energia caiu 2,4 por cento nos nove meses encerrados em setembro.
A companhia teve um prejuízo líquido de 56 milhões de reais no período, ante lucro de 66 milhões de reais em 2015. Suas ações subiram 13 por cento nos 12 últimos meses, comparado com ganho de 31 por cento no Ibovespa.
(Por Marcelo Teixeira)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765))
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