Por Doina Chiacu e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - A professora universitária que acusou Brett Kavanaugh, indicado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Suprema Corte, de agressão sexual dará um depoimento a respeito de sua acusação a um comitê do Senado na quinta-feira, disseram seus advogados e o comitê no domingo.
O acordo para que Christine Blasey Ford deponha surgiu poucas horas antes de a revista New Yorker publicar um artigo no qual uma segunda mulher, identificada como Deborah Ramirez, descreveu outro episódio de suposta má conduta sexual de Kavanaugh, também nos anos 1980, quando os dois frequentavam a Universidade Yale.
O acordo de Christine para testemunhar ao Comitê Judiciário do Senado foi fechado uma semana depois de ela vir a público em uma entrevista ao Washington Post alegando que Kavanaugh a agrediu sexualmente em 1982, quando ambos eram estudantes de segundo grau em Maryland.
Sua alegação contra o juiz conservador de um tribunal federal de apelações ameaçou a confirmação no Senado de maioria republicana para o cargo vitalício na maior instância jurídica do país.
Kavanaugh também concordou em depor em uma audiência do Comitê Judiciário do Senado programada para as 10h locais de quinta-feira.
A audiência potencialmente explosiva, que tem como pano de fundo o movimento de combate ao assédio e à agressão sexuais #MeToo, ocorrerá a poucas semanas das eleições parlamentares de 6 de novembro, nas quais os democratas tentarão assumir o controle do Congresso, atualmente nas mãos dos republicanos de Trump.
A New Yorker noticiou que senadores democratas estão investigando a nova alegação contra Kavanaugh, que se refere ao ano acadêmico de 1983-84, quando Kavanaugh era calouro em Yale. Segundo uma citação da revista, Deborah disse que Kavanaugh se expôs a ela durante uma festa regada a álcool em um alojamento.
Kavanaugh classificou a alegação de Christine como "completamente falsa" e disse em um comunicado divulgado pela Casa Branca na noite de domingo que o incidente narrado por Deborah "não aconteceu".
"Isto é pura e simplesmente difamação", afirmou Kavanaugh. "Estou ansioso para depor na quinta-feira para dizer a verdade e para defender meu bom nome – e a reputação de caráter e integridade que passei uma vida construindo – contra estas alegações de última hora", disse Kavanaugh no comunicado.
A porta-voz da Casa Branca, Kerri Kupec, qualificou a nova alegação como parte de uma "campanha coordenada de difamação dos democratas concebida para acabar com um homem bom".
(Reportagem adicional de Yasmeen Abutaleb, Steve Holland, Matt Spetalnick e Diane Bartz)