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Argentinos enfrentam crise habitacional às vésperas da eleição presidencial

Publicado 16.10.2019, 13:26
Argentinos enfrentam crise habitacional às vésperas da eleição presidencial

Por Juan Bustamante

BUENOS AIRES (Reuters) - Silvia Gauna está com dificuldade para pagar o aluguel do apartamento de um quarto que divide com a filha adolescente em Buenos Aires. A inflação alta elevou os aluguéis, enquanto os salários e o emprego são atingidos pela recessão – a própria Silvia, de 49 anos, perdeu um emprego de longa data em agosto.

Agora ela corre o risco de ficar sem um lar, e é parte de um número crescente de argentinos lutando para pagar aluguel no momento em que uma crise econômica e uma revolta popular empurram a segunda maior economia da América do Sul de volta ao populismo às vésperas da eleição presidencial deste mês.

O sofrimento de Silvia reflete uma crise habitacional mais ampla. Só na rica capital, dois quintos das pessoas passam apuros para honrar os aluguéis, já que os preços superam os salários, de acordo com o escritório do ombudsman independente da cidade, o dobro do nível de março do ano passado. O número de pessoas sem-teto aumentou, e muitas casas estão vazias.

"Espero que a situação econômica melhore, porque a inflação está nos matando, está esvaziando nossos bolsos. Ou comemos, ou pagamos as contas, ou pagamos o aluguel", disse Silvia em seu apartamento, onde o único quarto também faz as vezes de sala de jantar e estar.

A crise dos aluguéis sublinha dinâmicas mais amplas na Argentina antes da eleição que deve destronar o presidente Mauricio Macri. O líder de centro-direita e ex-prefeito de Buenos Aires chegou ao poder prometendo impulsionar os investimentos e erradicar a pobreza, mas agora parece prestes a deixar o cargo com milhões a mais na penúria.

O peronista Alberto Fernández é o franco favorito para a votação de 27 de outubro. Sua colega de chapa é Cristina Kirchner, que foi presidente entre 2007 e 2015 e angariou o apoio de muitos argentinos com subsídios públicos para reduzir os custos de vida, especialmente entre os pobres.

Gervasio Muñoz, presidente de uma organização local de inquilinos, disse que as reformas pró-mercado de Macri e a crise econômica do país se combinaram para pressionar os custos de moradia e os locatários.

"Diante dos aumentos de aluguel generalizados, as pessoas não conseguem arcar por causa dos salários atrasados e das regras duras do mercado", opinou.

Macri adotou medidas populares antes da eleição para fortalecer os empregos e reduzir os impostos, mas muitos culpam a desregulamentação do mercado imobiliário efetuada por seu governo pelos aluguéis altos e pelo fracasso no controle da inflação.

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