Por Aruna Viswanatha e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O governo dos Estados Unidos culpou a Coreia do Norte nesta sexta-feira por um ciberataque à Sony Pictures, o que chamou de ato inaceitável de intimidação, e prometeu impor "custos e consequências" aos responsáveis.
Foi a primeira vez que os EUA acusaram diretamente outro país de uma agressão cibernética desta natureza em solo norte-americano.
A "natureza destrutiva" do ataque, que levou o grande estúdio de Hollywood a cancelar o lançamento do filme "A Entrevista", que mostra o líder norte-coreano ameaçado de morte, juntamente com sua "natureza coerciva", o destacou em relação a outras intrusões cibernéticas, declarou a polícia federal dos EUA (FBI).
"Como resultado de nossa investigação, e em estreita colaboração com outros departamentos e agências do governo dos EUA, o FBI agora tem informação suficiente para concluir que o governo da Coreia do Norte é responsável por estas ações", afirmou o FBI em um comunicado.
"As ações da Coreia do Norte pretenderam infligir dano significativo a negócios dos EUA e suprimir o direitos dos cidadãos norte-americanos de se expressarem", disse. "Tais atos de intimidação ultrapassam os limites do comportamento aceitável de um Estado".
O FBI declarou que uma análise técnica do malware (programa mal-intencionado) usado no ataque à Sony encontrou links para um malware que "agentes da Coreia do Norte" desenvolveram e uma "sobreposição significativa" com "outras atividades cibernéticas mal-intencionadas" ligadas anteriormente a
Pyongyang.
A Coreia do Norte vem negando envolvimento, e na quinta-feira um diplomata norte-coreano na Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou comentar a acusação de que Pyongyang é responsável.
"Trabalhando juntos, o FBI irá identificar, perseguir e impor custos e consequências a indivíduos, grupos ou Estado-nações que usam meios cibernéticos para ameaçar os Estados Unidos e seus interesses", afirmou o FBI, mas sem chegar a ameaçar ações norte-americanas específicas.
Especialistas dizem que entre as opções do governo Obama estão a retaliação cibernética, sanções financeiras e até um reforço no apoio militar dos EUA à Coreia do Sul para enviar uma mensagem severa à Coreia do Norte. Mas o efeito de tal reação pode ser limitado devido ao isolamento norte-coreano e ao fato de que o país já sofre sanções pesadas.