Por Enrique Anarte
(Thomson Reuters Foundation) - Alejandra Aguado começou a pensar duas vezes para se vestir antes de sair na Espanha por medo de ser agredida por ser uma mulher transgênero em meio ao aumento dos episódios de violência contra pessoas LGBT+.
"Mudei a maneira como me visto e uso maquiagem. Estou menos sugestiva, menos extravagante", disse Alejandra, de 23 anos, à Thomson Reuters Foundation em Sevilha, cidade do sul espanhol.
"Estou com mais medo de enfrentar certas situações. E não é porque me falta coragem, aguento isso e muito mais, meu bem. Mas veja o que aconteceu com Samuel."
Em um possível crime de ódio anti-gay, Samuel Luiz, um assistente de enfermagem de 24 anos nascido no Brasil, foi espancado até a morte diante de um clube noturno nas primeiras horas de sábado em La Coruña, cidade do norte do país.
Uma testemunha que foi entrevistada pela emissora de televisão La Sexta disse que um dos agressores gritou ofensas homofóbicas durante o ataque. A polícia prendeu três pessoas pelo assassinato.
Manifestantes foram às ruas de toda a Espanha na segunda-feira para expressar sua revolta com a morte de Samuel e exigir mais proteção aos direitos LGBT+. A extrema-direita vê os níveis mais altos de apoio desde que o ditador Francisco Franco morreu em 1975.
Dados do governo mostram que 278 crimes de ódio relacionados com a orientação sexual ou a identidade de gênero foram relatados na Espanha em 2019 --8,6% a mais do que em 2018. Grupos de defesa dos direitos LGBT+ dizem que a cifra verdadeira é muito maior, já que muitos incidentes nunca são notificados.