Por Patricia Zengerle e Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades eleitorais dos Estados Unidos relataram nesta terça-feira ameaças feitas por apoiadores do ex-presidente Donald Trump a eles e suas famílias, depois que eles se recusaram a ajudar o ex-presidente a reverter sua derrota eleitoral em 2020.
O comitê do Congresso norte-americano que investiga o violento ataque do dia 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA por apoiadores de Trump mudou o foco para os relatos de pressão de republicanos a autoridades estaduais enquanto Trump tentava se manter na Casa Branca apesar da derrota.
Foi a quarta de pelo menos seis audiências públicas realizadas pelo comitê de nove membros neste mês da investigação que já dura um ano sobre o ataque de apoiadores de Trump ao Congresso, onde o então vice-presidente, Mike Pence, se reunia com parlamentares para formalizar a derrota eleitoral do republicano para o democrata Joe Biden.
"Nós recebemos... mais de 20 mil e-mails e dezenas de milhares de correios de voz e mensagens de texto, que saturaram nossos escritórios e nos incapacitaram de trabalhar, ou de pelo menos nos comunicarmos", disse Rusty Bowers, presidente da Assembleia Legislativa do Arizona, ao Comitê de Deputados da Câmara dos Estados Unidos que investiga o ataque ao Capitólio.
Ele disse que o assédio continuou, com manifestações em sua casa, conflitos com vizinhos e outras ameaças e insultos que continuaram mesmo quando sua filha estava gravemente adoecida.
"Foi perturbador, perturbador", disse Bowers --que havia feito campanha para Trump em 2020, e que disse que queria sua reeleição-- em seu depoimento, com a voz trêmula.
Bowers descreveu conversas com Trump e seus aliados próximos, inclusive com seu advogado Rudy Giuliani e seu conselheiro John Eastman, que exigiram que Bowers rejeitasse os resultados eleitorais.
"Vocês estão me pedindo para que eu faça algo contra meu juramento, e não vou quebrar meu juramento", disse Bowers, recontando a conversa com Giuliani.
(Reportagem de Patricia Zengerle, Richard Cowan e Doina Chiacu)