MOSCOU (Reuters) - O assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, disse nesta terça-feira que a interferência russa nas eleições norte-americanas "saiu pela culatra" e atingiu Moscou, dando uma lição ao Kremlin: "Não mexa com as eleições americanas".
Falando durante uma visita a Moscou, Bolton disse que não havia evidências de que a interferência - que a Rússia nega - tenha afetado materialmente o resultado da eleição presidencial de 2016, mas que criou uma desconfiança em relação à Rússia.
As agências de inteligência dos Estados Unidos dizem que a Rússia conduziu uma campanha de invasões virtuais e propaganda destinadas ao pleito de 2016 em uma tentativa de semear a discórdia, descreditar a candidata democrata Hillary Clinton e aumentar o apoio ao republicano Donald Trump.
O Departamento de Justiça e o Congresso investigam a interferência e qualquer possibilidade de conluio com a campanha de Trump. Trump repetidamente nega que tenha havido colaboração.
Na segunda-feira, Bolton disse à estação de rádio Ekho Moskvy que a interferência na eleição foi "um grande obstáculo" para alcançar acordo sobre questões nas quais os dois países tenham interesses em comum.
"O que eu disse para meus colegas russos hoje era que eu não achava que, seja lá o que eles tenham feito em termos de interferências nas eleições de 2016, tenha tido qualquer efeito nisso, mas o que aconteceu foi que foi semeada nos Estados Unidos uma enorme desconfiança na Rússia", disse, de acordo com uma transcrição disponibilizada pela Casa Branca.
Bolton acrescentou que disse aos russos: "Vocês não deveriam mexer nas nossas eleições por que isso não representa nenhum avanço nos interesses russos".
O governo norte-americano acusou uma cidadã russa na última sexta-feira de ter desempenhado um papel financeiro em um plano apoiado pelo Kremlin de conduzir "guerra de informações" contra os Estados Unidos, incluindo tentativas de influenciar as eleições parlamentares do mês que vem.
(Reportagem de Andrew Osborn e Maxim Rodionov em Moscou e Yara Bayoumy em Washington)
REUTERS LM