Por Nathan Layne
(Reuters) - A fabricante canadense de aviões Bombardier processou a unidade de aeronaves da japonesa Mitsubishi, dizendo que ex-funcionários da Bombardier repassaram segredos comerciais para ajudar o projeto de jatos regionais da Mitsubishi.
A Bombardier entrou com a ação na sexta-feira em um tribunal federal em Seattle contra a Mitsubishi Aircraft Corporation, a AeroTEC (Aerospace Testing Engineering & Certification Inc), que fica em Seattle, e vários ex-funcionários da Bombardier.
A AeroTEC está trabalhando com a Mitsubishi Aircraft para ajudá-la a fazer um jato com capacidade para 90 passageiros ser certificado por reguladores.
Representantes da Mitsubishi Aircraft ou na AeroTEC não puderam ser imediatamente contatados para comentar o assunto neste domingo.
O processo de 92 páginas alega que funcionários da Bombardier que foram recrutados pela Mitsubishi ou pela AeroTEC trouxeram consigo documentos e dados confidenciais relacionados à certificação de aviões no Canadá e nos Estados Unidos.
A certificação é uma parte fundamental do processo de regulamentação que determina a aeronavegabilidade de uma aeronave com base em seu design.
A Bombardier está buscando uma liminar para evitar que a Mitsubishi Aircraft e a AeroTEC usem as informações que afirma terem sido roubadas. A alegação é de que os funcionários enviaram documentos importantes para suas contas de email pessoais antes de deixarem a Bombardier e se juntarem ao projeto da Mitsubishi.
A Mitsubishi citou no passado a dificuldade de obter a certificação como um dos fatores que seguraram o lançamento de sua aeronave regional planejada, que deve competir com o jato C-Series da Bombardier, segundo o processo.
O programa de jatos regionais da Mitsubishi, primeiros aviões comerciais de passageiros criados no Japão desde a década de 1960, foi adiado por vários anos, com a ANA Holdings, primeiro cliente, prevendo para 2020 o lançamento do avião para 90 lugares, em vez de 2013 como inicialmente previsto.
No processo, a Bombardier acusou a Mitsubishi Aircraft de violar a legislação Defend Trade Secrets de 2016, tentando usar os dados confidenciais e documentos obtidos de ex-funcionários para acelerar o processo "extremamente complexo e caro" de obter certificação para seus aviões.
A Bombardier disse que levou quase uma década para tirar do papel o C-Series e levá-lo o voo comercial. Segundo ela, apenas quatro empresas desde 2000 conseguiram desenvolver um programa de aeronaves do zero aprovado por reguladores em Canadá, Europa e Estados Unidos.
"Isso porque, compreensivelmente, essas diversas agências regulatórias exigem que os fabricantes de aeronaves cumpram inúmeros padrões de precisão para garantir a aeronavegabilidade e a segurança pública", disse a Bombardier no processo.