Por Idrees Ali e Megha Rajagopalan
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Dois caças chineses realizaram uma interceptação "arriscada" de uma aeronave militar de reconhecimento dos Estados Unidos sobre o Mar do Sul da China, informou o Pentágono na quarta-feira, levando Pequim a retrucar e exigir que Washington encerre as atividades de vigilância perto da China.
O incidente, que deve aumentar a tensão dentro e nos arredores da disputada área marítima, ocorreu em espaço aéreo internacional na terça-feira, quando a aeronave de patrulhamento marítimo dos EUA realizava uma "patrulha de rotina", disse o comunicado do Pentágono.
O encontro se deu uma semana depois de a China enviar caças devido à aproximação de uma embarcação da Marinha norte-americana de um recife em disputa no Mar do Sul da China.
Outra interceptação chinesa aconteceu em 2014, quando um piloto de caça chinês realizou acrobacias perto de um avião espião dos EUA.
A interceptação ocorreu dias antes de o presidente norte-americano, Barack Obama, visitar partes da Ásia entre os dias 21 e 28 de maio, incluindo uma reunião do G7 no Japão e sua primeira visita ao Vietnã.
A China reclama para si a maior parte do Mar do Sul da China, por onde 5 trilhões de dólares em comércio marítimo circulam todos os anos. Filipinas, Vietnã, Malásia, Taiwan e Brunei têm reivindicações semelhantes.
Washington acusou Pequim de militarizar o Mar do Sul da China após a criação de ilhas artificiais, e a China, por sua vez, vem criticando o aumento de patrulhas navais e exercícios militares dos EUA na Ásia.
O comunicado do Pentágono disse que o Departamento de Defesa está tratando do assunto por meio de canais militares e diplomáticos.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, disse que a declaração norte-americana "não é verdadeira" e que a aeronave estava envolvida em uma missão de reconhecimento perto da ilha e província chinesa de Hainan.
"É preciso observar que aviões militares dos EUA realizam missões de reconhecimento frequentes nas águas costeiras chinesas, ameaçando seriamente a segurança marítima chinesa", disse Hong aos repórteres em um boletim à imprensa nesta quinta-feira.
"Exigimos que os Estados Unidos cessem imediatamente este tipo de atividade de reconhecimento próximo para evitar que este tipo de incidente aconteça novamente", afirmou Hong, acrescentando que as ações das aeronaves da China estavam "completamente de acordo com os padrões profissionais e de segurança".
(Reportagem adicional de David Brunnstrom em Washington, Greg Torode em Hong Kong e Michael Martina em Pequim)