Por David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - A Casa Branca colocou sua bandeira dos Estados Unidos a meio mastro, a levantou e nesta segunda-feira a abaixou novamente pela morte do senador John McCain, em uma incomum e confusa quebra de protocolo após o falecimento de um líder nacional.
McCain, um prisioneiro de guerra no Vietnã, senador norte-americano de longa data pelo Arizona e candidato presidencial republicano em 2008, morreu de câncer cerebral no sábado aos 81 anos. A morte fez com que muitos norte-americanos colocassem suas bandeiras para meio mastro, um gesto tradicional de homenagem.
Mas o presidente Donald Trump, que discordava do colega republicano McCain em várias questões e disse durante sua campanha que o senador “não era um herói de guerra”, titubeou em sua abordagem do que presidentes normalmente tratam como um gesto de cortesia e respeito.
A Casa Branca de Trump abaixou sua bandeira no sábado, então a levantou após o período mínimo sob a lei. Trump também adiou a emissão da proclamação habitual para bandeiras permanecerem a meio mastro por mais que o mínimo de dois dias.
Finalmente, sob pressão de veteranos e membros do Congresso, Trump disse em comunicado nesta segunda-feira que respeitava o serviço prestado por McCain à nação e ordenou que a bandeira fosse colocada a meio mastro.
“Apesar de nossas diferenças, eu respeito o serviço do senador John McCain ao nosso país e, em sua homenagem, assinei uma proclamação para hastear a bandeira dos Estados Unidos a meio mastro até o dia de seu enterro”, disse Trump.
Nesse intervalo, durante a maior parte desta segunda-feira, confusão reinou no governo federal, com bandeiras hasteadas a meio mastro sobre o Capitólio e em centenas de parques nacionais, mas hasteada completamente sobre o Pentágono e na Suprema Corte dos EUA.
O Departamento de Segurança Nacional dos EUA havia emitido uma notificação para todo o governo após a morte de McCain para abaixar bandeiras em prédios do governo dos EUA, mas a rescindiu nesta segunda-feira, deixando a decisão para equipes nos locais, de acordo com uma autoridade.
“A Legião Americana pede para a Casa branca seguir o protocolo de longa data após a morte de autoridades proeminentes do governo”, disse Denise Rohan, comandante nacional do grupo de veteranos, em mensagem a Trump em sua página no Facebook (NASDAQ:FB). A Legião descreveu McCain como um “membro querido”.
“UM TANTO QUANTO CHOCANTE”
Presidentes normalmente seguem a iniciativa do Congresso na morte de um parlamentar proeminente e ordenam que bandeiras sejam abaixadas até o pôr do sol do dia do enterro. Críticos ao presidente viram sua reserva como um desrespeito final a McCain.
“Eu duvido que você encontre uma situação comparável em que um presidente não ordene que a bandeira seja hasteada a meio mastro até o funeral”, disse John Lawrence, professor de história no Centro Washington da Universidade da Califórnia.
“A disparidade entre os princípios do Congresso e da Casa Branca é obviamente perceptível e um tanto quando chocante.”
McCain era um frequente crítico a Trump e sua família disse que ele não queria que o presidente fosse ao seu funeral.
Um porta-voz da família emitiu um comunicado de despedida feito por McCain, no qual ele disse sobre os Estados Unidos: “Nós enfraquecemos nossa grandeza quando nós confundimos nosso patriotismo com rivalidades tribais ... Nós a enfraquecemos quando nós nos escondemos atrás de muros, ao invés de derrubá-los, quando nós duvidamos do poder de nossos ideais, ao invés de confiar neles para serem a grande força por mudança”.
(Reportagem adicional de Susan Cornwell, Steve Holland, Tim (SA:TIMP3) Gardner, Amanda Becker, Phil Stewart, Tim Ahmann e Jeff Mason)