Por Angus Berwick e Sonya Dowsett
BARCELONA/MADRI (Reuters) - A Catalunha irá avançar na segunda-feira para declarar a independência da Espanha, após o referendo proibido de 1º de outubro, à medida que o país da União Europeia se aproxima de uma ruptura que ameaça as bases de sua jovem democracia.
Mireia Boya, uma parlamentar catalã do partido pró-independência Candidatura de Unidade Popular (CUP), disse no Twitter que uma declaração de independência virá após uma sessão do Parlamento na segunda-feira para avaliar os resultados do referendo de separação.
"Nós sabemos que podem haver expulsões, prisões... Mas, nós estamos preparados, e em caso algum seremos impedidos", disse.
O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, já havia dito que iria pedir que o Parlamento da região declaresse a independência na esteira do referendo, que o governo e corte constitucional da Espanha consideram ilegal, e no qual apenas uma minoria dos catalães votaram.
"Isso provavelmente terminará quando nós conseguirmos todos os votos do exterior no final da semana e, portanto, nós provavelmente devemos agir durante o fim de semana ou no início da próxima semana", disse Puigdemont à BBC, em comentários publicados nesta quarta-feira.
Em entrevista ao jornal alemão Bild, Puigdemont disse já se sentir como o "presidente de um país livre, onde milhões de pessoas tomaram uma importante decisão".
Ele disse que a recusa do governo de Madri em negociar deixou a Catalunha "sem outra opção" que não declarar a independência, e acusou a Espanha de autoritarismo.
"O governo espanhol está deixando oponentes políticos serem presos, está influenciando a mídia e bloqueando sites na internet. Nós estamos sob observação dia e noite", disse Puigdemont. "O que é isso se não um Estado autoritário?"
A crise constitucional abalou o euro e as ações e títulos espanhóis, e a SEAT, unidade da Volkswagen (DE:VOWG_p) na Espanha, relatou uma interrupção em suas atividades na terça-feira devido a protestos. O Caixabank, maior banco da Catalunha, e o ministro da Economia espanhol procuraram tranquilizar os clientes dos bancos garantindo que seus depósitos estão seguros.
(Reportagem de Adrian Croft e Julien Toyer em Madrid)