LONDRES (Reuters) - A líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, foi despojada de um prêmio de direitos humanos concedido pela cidade de Oxford, onde estudou mas não se formou, já que as instituições britânicas estão se distanciando cada vez mais da antes emblemática e hoje questionada ativista humanitária.
O conselho da cidade de Oxford foi unânime nesta semana ao recomendar que o prêmio Liberdade da Cidade oferecido a Suu Kyi seja retirado, citando profundas preocupações com o tratamento dos muçulmanos rohingyas em seu governo.
A reputação da cidade fica "manchada ao homenagear aqueles que fazem vista grossa à violência", disse Mary Clarkson, conselheira local e membro do Partido Trabalhista, em um discurso no qual propôs a moção.
Mais de 500 mil integrantes da minoria rohingya de Mianmar fugiram pela fronteira rumo a Bangladesh desde o final de agosto, quando ataques de militantes rohingyas provocaram uma repressão violenta do Exército.
Líder de fato de Mianmar, Suu Kyi, outrora reconhecida por seu ativismo em defesa dos direitos humanos, vem sendo amplamente criticada por seu silêncio diante da questão.
"Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) chama a situação de 'exemplo clássico de limpeza étnica', Aung San Suu Kyi nega qualquer limpeza étnica e minimiza alegações de violência sexual contra mulheres rohingyas chamando-as de 'estupro falso'", disse Clarkson.
Em um discurso feito no final de setembro, seu primeiro pronunciamento público sobre o tema desde o início do êxodo de refugiados, Suu Kyi disse que seu governo rejeita todas as violações de direitos humanos e prometeu punir seus perpetradores.
Mas ela não abordou as acusações de limpeza étnica nem criticou as ações do Exército.