Com Xi ao lado, Putin celebra vitória na 2ª Guerra Mundial enquanto guerra na Ucrânia continua

Publicado 09.05.2025, 07:53
Atualizado 09.05.2025, 07:55
© Reuters. Vladimir Putin e Xi Jinping em desfile do Dia da Viória em Moscoun 9/5/2025    Ivan Sekretarev/Mikhail Korytov/Host agency RIA Novosti/Divulgação via REUTERS

Por Dmitry Antonov e Guy Faulconbridge

MOSCOU (Reuters) - A Rússia comemorou o 80º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, nesta sexta-feira, com um grande desfile militar que ocorreu sem nenhum relato de ataques ucranianos, apesar de três anos de guerra devastadora.

O presidente Vladimir Putin, o mais antigo chefe do Kremlin desde Josef Stalin, ficou ao lado do chinês Xi Jinping, várias dezenas de outros líderes e veteranos russos em uma tribuna coberta ao lado do mausoléu de Lenin, enquanto as tropas russas marchavam.

Putin disse que a Rússia jamais aceitará tentativas de menosprezar o papel decisivo da União Soviética na derrota da Alemanha nazista, mas que Moscou também reconhece o papel desempenhado pelos aliados ocidentais na derrota de Adolf Hitler.

"A União Soviética tomou para si os golpes mais ferozes e impiedosos do inimigo", afirmou Putin.

"Apreciamos muito a contribuição dos soldados dos exércitos aliados, dos membros da resistência, do corajoso povo da China e de todos aqueles que lutaram por um futuro pacífico em nossa disputa comum."

Putin não fez crítica ao Ocidente e se referiu apenas de passagem à guerra da Ucrânia, a mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, mas ela assombrou a comemoração.

Mais de 11.500 soldados foram alinhados em fileiras na Praça Vermelha, incluindo 1.500 que lutaram na Ucrânia. Drones -- a maior inovação tecnológica da guerra -- foram exibidos pela primeira vez, assim como tanques e mísseis Yars intercontinentais capazes de carregar ogivas nucleares.

A Ucrânia atacou Moscou com drones por vários dias nesta semana, embora não tenha havido relatos de grandes ataques a Moscou nesta sexta-feira, em meio a um cessar-fogo de 72 horas declarado por Putin.

A União Soviética perdeu 27 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial, incluindo muitos milhões na Ucrânia, mas empurrou as forças nazistas de volta para Berlim, onde Hitler cometeu suicídio e a bandeira vermelha da vitória soviética foi erguida sobre o Reichstag em 1945.

Os historiadores do Partido Comunista Chinês dizem que as baixas da China na Segunda Guerra Sino-Japonesa de 1937-1945 foram de 35 milhões. A ocupação japonesa causou o deslocamento de cerca de 100 milhões de chineses e dificuldades econômicas significativas, bem como o Massacre de Nanjing de 1937, durante o qual cerca de 100.000 a 300.000 vítimas foram mortas.

Moscou e Kiev não publicam números precisos de vítimas da guerra na Ucrânia, embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que diz querer a paz, afirme que centenas de milhares de soldados de ambos os lados foram mortos e feridos.

 

DESFILE EM MOSCOU

A rendição incondicional da Alemanha nazista entrou em vigor às 23h01 de 8 de maio de 1945, marcado como o "Dia da Vitória na Europa" por Reino Unido, Estados Unidos e França. Em Moscou, já era 9 de maio, que se tornou o "Dia da Vitória" da União Soviética no que os russos chamam de Grande Guerra Patriótica de 1941-45.

Para os russos -- e para muitos dos povos da antiga União Soviética -- o dia 9 de maio é a data mais sagrada do calendário, e Putin tem procurado usar as lembranças da Segunda Guerra Mundial para unir a sociedade russa, especialmente em meio à guerra na Ucrânia.

O Kremlin diz que o comparecimento de aliados russos como Xi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e várias dezenas de líderes da ex-União Soviética, África, Ásia e América Latina mostra que a Rússia não está isolada, mesmo que os antigos aliados ocidentais de Moscou da Segunda Guerra Mundial queiram se manter afastados.

As tropas chinesas participaram do desfile, e Putin apertou a mão de oficiais norte-coreanos, elogiando-os por sua habilidade de combate. As tropas norte-coreanas ajudaram a Rússia a combater uma incursão na região de Kursk pelas forças ucranianas que buscam uma moeda de troca em qualquer negociação de paz.

Em Kiev, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy pediu aos aliados que o ajudem a resistir à Rússia, que agora controla cerca de um quinto da Ucrânia.

"O mal não pode ser apaziguado. Ele deve ser combatido", disse Zelenskiy, de acordo com o Kiev Post. Ele criticou o desfile do Dia da Vitória de Moscou. "Será um desfile de cinismo. Não há outra maneira de descrevê-lo."

(Reportagem de Dmitry Antonov em Moscou e Guy Faulconbridge em Londres; reportagem adicional de Vladimir Soldatkin, Maxim Rodionov, Anton Kolodazhnyy, Filip Lebedev, Mark Trevelyan e Andrew Osborn)

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