Por Nidal al-Mughrabi e Mohammad Salem
CAIRO/GAZA (Reuters) - Muitos palestinos se reuniram em centros médicos no sul da conflituosa Faixa de Gaza, nesta quinta-feira, para que seus filhos fossem vacinados contra a poliomielite, na segunda etapa de uma campanha que, até o momento, vacinou 187.000 jovens.
A agência de refugiados palestinos da ONU, UNRWA, disse que a campanha, realizada depois que Hamas e Israel concordaram em fazer pausas limitadas em seus combates, tem sido bem-sucedida, mas complexa.
Porém a guerra continuava em outras partes do enclave, com as autoridades de saúde de Gaza relatando várias pessoas mortas em ataques aéreos israelenses, incluindo um ataque a um hospital no centro de Gaza.
E, apesar do sucesso da campanha contra a pólio, os esforços diplomáticos para garantir um cessar-fogo permanente na guerra, a libertação dos reféns mantidos em Gaza e o retorno dos palestinos presos por Israel não vingaram.
Nesta quinta-feira, as vacinações começaram em Rafah e Khan Younis, no sul de Gaza, ambas áreas que foram atingidas pela guerra e que abrigaram dezenas de milhares de pessoas que fugiram de outras partes.
Uma palestina deslocada, Ikram Nasser, na fila com seu filho em um ponto de vacinação, disse que a ameaça da pólio só aumentou o medo das pessoas.
"Vivemos com base no medo, dos bombardeios, do terror, da destruição, dos ferimentos. Somamos a isso o medo das doenças que se espalharam, como as doenças de pele, da falta de limpeza e da aglomeração", afirmou ela.
A UNRWA disse em um comunicado que a campanha de vacinação foi transferida para as áreas do sul, com equipes principalmente em Khan Younis.
"Neste momento crítico, as pausas nas áreas devem ser respeitadas para proteger as famílias e os trabalhadores humanitários", declarou.
Os beneficiários incluirão pessoas que foram forçadas pelos militares israelenses a deixar Rafah, perto da fronteira com o Egito, onde as forças israelenses estão operando desde maio para caçar combatentes do Hamas.
Mais tarde na quinta-feira o Ministério da Saúde de Gaza disse que Israel se recusou a permitir que equipes médicas fossem às áreas a leste da estrada de Salahuddin para vacinar as crianças que vivem nas comunidades do leste das cidades do sul. As Forças Armadas israelenses disseram que estavam verificando o relato.
As autoridades de saúde pretendem vacinar 640.000 crianças de Gaza contra a poliomielite na campanha, que foi lançada após a descoberta de um caso de um bebê de um ano de idade que ficou parcialmente paralisado.
Esse foi o primeiro caso conhecido da doença em Gaza - um dos locais mais densamente povoados do mundo - em 25 anos. A doença ressurgiu em um momento em que o sistema de saúde de Gaza praticamente entrou em colapso e muitos hospitais foram desativados devido à guerra.
Imagens divulgadas pelo Ministério da Saúde de Gaza mostraram grande quantidade de palestinos chegando às instalações médicas em Khan Younis para vacinar seus filhos.
"Minha mensagem para o mundo é que, assim como vocês nos forneceram a vacinação para que nossos filhos fiquem seguros, vocês devem nos fornecer um cessar-fogo e um fim para essa guerra, pois essa guerra é uma verdadeira catástrofe para nós", disse Osama Brika, morador de Gaza, enquanto acompanhava seu sobrinho em uma instalação médica.
A UNRWA disse na quarta-feira que estava havendo um bom progresso na distribuição da vacina contra a pólio para as crianças, mas que era necessário um cessar-fogo permanente na guerra de 11 meses para aliviar o sofrimento humanitário.