Por Joanna Plucinska e Anna Koper
VARSÓVIA (Reuters) - Milhares de poloneses bloquearam ruas de cidades em carros, bicicletas e a pé nesta segunda-feira, o quinto dia de protestos contra uma decisão do Tribunal Constitucional que equivale a uma proibição quase total ao aborto na nação predominantemente católica.
Portando cartazes que diziam "Chega", "Não serei sua mártir" e "Quero escolha, não terror", manifestantes se reuniram em dúzias de cidades pequenas e grandes, desafiando restrições contra o coronavírus.
"As mulheres são fortes", disse Malgorzata Rutkowska, de 56 anos, em uma das principais vias públicas de Varsóvia, dizendo que os protestos continuarão até a proibição ser revertida.
O veredicto de quinta-feira passada provocou uma reação inédita contra a poderosa Igreja Católica da Polônia, que se acredita ter laços estreitos com o governo conservador e nacionalista do Partido Lei e Justiça (PiS).
Ele também intensificou as críticas ao PiS, que chegou ao poder cinco anos atrás prometendo fomentar mais valores tradicionais.
Depois que o veredicto entrar em vigor, o aborto será proibido em caso de anomalias do feto, e só será legal em caso de estupro, incesto ou risco para a saúde da mulher.
Críticos dizem que a corte agiu em nome do partido, que já recuou de tentativas de endurecer as leis do aborto por causa da revolta pública – o que o PiS nega.
O tribunal é parte de uma grande reforma governamental do sistema de Justiça que a Comissão Europeia disse subverter o Estado de Direito por politizar as cortes.
(Reportagem adicional de Anna Wlodarczak-Semczuk)