Por Susan Cornwell e Makini Brice
WASHINGTON (Reuters) - Os advogados de defesa de Donald Trump argumentarão nesta sexta-feira por que o ex-presidente não é culpado de incitar o ataque fatal do mês passado ao Capitólio dos Estados Unidos, e o Senado pode realizar a votação final de seu julgamento de impeachment já no sábado.
O advogado de Trump, David Schoen, disse que a equipe de defesa levará "três ou quatro horas" para delinear nesta sexta-feira seus argumentos contra uma condenação por incitação do ataque de 6 de janeiro, que obrigou parlamentares a fugirem para se proteger e resultou na morte de cinco pessoas, inclusive um policial.
Schoen não debateu a estratégia de defesa, mas os advogados de Trump sustentam que sua retórica está protegida pela garantia da Primeira Emenda da Constituição à liberdade de expressão e que os procuradores não estabeleceram uma relação direta entre as ações dos agitadores e Trump.
Na quinta-feira, os procuradores democratas encerraram dois dias de argumentos a favor da condenação de Trump, dizendo que o republicano sabia o que aconteceria ao exortar apoiadores a marcharem até o Capitólio, onde congressistas estavam reunidos para certificar a vitória eleitoral do presidente democrata, Joe Biden, e que deveria ser responsabilizado.
"Se ele voltar a ocupar um cargo e isso acontecer novamente, não teremos ninguém para culpar além de nós mesmos", disse o principal gerente do impeachment, deputado Jamie Raskin, aos senadores.
A Câmara dos Deputados, comandada pelos democratas, acusou Trump no dia 13 de janeiro de ter incitado uma insurreição, mas é improvável que os democratas consigam uma condenação no Senado e impeçam Trump de voltar a concorrer a um cargo público.
Uma condenação exige uma maioria de dois terços do Senado de 100 membros, o que significa que ao menos 17 republicanos teriam que confrontar a popularidade ainda grande de Trump entre os eleitores do partido.
Na terça-feira, o Senado votou de forma essencialmente partidária a favor do andamento do julgamento de impeachment, embora o mandato de Trump tenha se encerrado em 20 de janeiro. Seis dos 50 senadores republicanos se alinharam aos democratas.
Em sua argumentação, os procuradores democratas deram diversos exemplos das ações de Trump antes do ataque para ilustrar o que ele pretendia quando disse aos apoiadores para irem ao Capitólio e "lutarem com tudo".
Vários senadores republicanos elogiaram a apresentação dos procuradores democratas da Câmara, mas questionaram se ela fez alguém mudar de ideia.
(Reportagem adicional de Karen Freifeld, David Morgan e Richard Cowan)