Por Lawrence Hurley
WASHINGTON (Reuters) - Senadores democratas dos Estados Unidos planejam pressionar duramente o indicado do presidente Donald Trump para a Suprema Corte, Brett Kavanaugh, devido às opiniões dele a respeito do aborto e do poder presidencial em sabatinas que começam nesta terça-feira, mas a confirmação do juiz conservador parece provável.
Os colegas republicanos de Trump detêm uma pequena maioria no Senado, por isso podem aprovar Kavanaugh se permanecerem unidos. Até agora não há sinais de deserção, e a Casa deve aprovar o nome do novo integrante da Suprema Corte até o final do mês.
As sabatinas, que devem durar quatro dias, dão aos democratas uma chance de confrontar Kavanaugh antes das eleições parlamentares de novembro.
"Vai sair faíscas nessa audiência. Faíscas voarão, e o ambiente irá esquentar", disse o senador democrata Richard Blumenthal, membro do comitê judiciário que se reunirá para as audiências.
Trump indicou Kavanaugh, de 53 anos, para o lugar de Anthony Kennedy, que anunciou sua aposentadoria em 27 de junho aos 81 anos. Ele é o segundo indicado de Trump a um posto vitalício na maior instância do Judiciário do país. No ano passado o presidente indiciou o juiz Neil Gorsuch, parte de seu empenho em tornar os tribunais mais conservadores.
Os liberais temem que Kavanaugh proporcione um quinto voto decisivo na corte de nove juízes para reverter ou enfraquecer o histórico caso Roe x Wade de 1973, que legalizou o aborto em toda a nação.
Sem Kennedy, a corte está dividida entre conservadores e liberais. Kennedy era um conservador convicto, mas que se alinhou aos liberais em alguns temas, como o aborto e os direitos dos gays.
Além das questões sociais, Kavanaugh também deve ser questionado sobre como vê a investigação de presidentes no cargo e o inquérito em curso do procurador especial Robert Mueller a respeito da interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016 e de um possível conluio entre Moscou e a campanha de Trump.
Kavanaugh trabalhou durante quatro anos com Kenneth Starr, procurador independente que investigou o ex-presidente democrata Bill Clinton nos anos 1990. Kavanaugh também passou mais de cinco anos trabalhando para o presidente republicano George W. Bush.
Como juiz, ele estabeleceu uma reputação sólida como conservador a partir de 2006 no influente Tribunal de Apelações do Circuito de Columbia.