Por Sarah Marsh
HAVANA (Reuters) - Os casos de desnutrição possivelmente fatal devem mais do que dobrar entre crianças pequenas do Haiti neste ano devido à Covid-19, à violência das gangues e a eventos climáticos extremos associados à mudança climática, alertou o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta segunda-feira.
Há tempos o Haiti, o país mais pobre das Américas, tem um dos maiores índices mundiais de insegurança alimentar e desnutrição, mas isto piorou nos últimos anos.
Secas e tempestades fortes mais frequentes devastam plantios, e protestos antigoverno transtornam a economia e diminuem a renda já baixa dos haitianos. A pandemia e a violência crescente das gangues estão causando ainda mais estragos e impedindo que as famílias tenham acesso a serviços de saúde.
Cerca de 4,4 milhões de haitianos, quase metade da população, estão enfrentando uma insegurança alimentar "altamente aguda", de acordo com a análise da Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar das Nações Unidas (IPC). Já o Unicef estima que 86 mil crianças de menos de cinco anos podem ser afetadas por uma desnutrição "grave e aguda" neste ano – em 2020 foram 41 mil.
É preciso mais iniciativas de assistência para os afetados, disse Jean Gough, diretor regional do Unicef para a América Latina e o Caribe, à Reuters em uma entrevista no final de uma visita de sete dias ao Haiti.
Até agora, a pandemia causou um número relativamente pequeno de mortes no Haiti, mas muito dano colateral, e as fatalidades estão voltando a subir em meio à chegada de novas cepas.