Por Simon Carraud
BEIRUTE (Reuters) - A líder da extrema direita e candidata presidencial francesa, Marine Le Pen, cancelou um encontro nesta terça-feira com o grão-mufti do Líbano, principal clérigo para muçulmanos sunitas do país, após se recusar a usar um véu para o evento.
Le Pen, uma das principais candidatas à Presidência da França, usa a visita de dois dias ao Líbano para impulsionar suas credenciais de política externa há nove semanas do primeiro turno, em 23 de abril, e pode ter como alvo possíveis eleitores franco-libaneses.
Muitos libaneses se mudaram para a França, ex-potência colonial do Líbano, durante a guerra civil libanesa, de 1975 a 1990, e se tornaram cidadãos franceses.
Após encontro na segunda-feira com o presidente cristão Michel Aoun, seu primeiro encontro público com um chefe de Estado, e o primeiro-ministro sunita Saad al-Hariri, ela iria se encontrar com o grão-mufti xeique Abdul Latif Derian.
Ele lidera a Dar al-Fatwa, principal autoridade religiosa para muçulmanos sunitas no país multirreligioso.
"Encontrei o grão-mufti de Al-Azhar", disse a repórteres, se referindo a uma visita em 2015 ao centro islâmico de mil anos no Cairo. "A autoridade sunita mais alta não teve este pedido, mas isto não importa."
"Vocês podem dar os meus respeitos ao grão mufti, mas eu não irei me cobrir", disse.
A assessoria do clérigo disse que assessores de Le Pen foram informados antes que um véu seria necessário para o encontro e que ficaram "surpresos com a recusa".
Mas isto não é surpresa no contexto político francês.
A lei francesa proíbe véus em serviços públicos e escolas de ensino médio em nome da separação entre Estado e Igreja e dos direitos iguais para mulheres. Le Pen quer estender esta proibição para todos os espaços públicos, uma medida que iria, acima de tudo, afetar muçulmanos.