Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A fixação da pena e da multa a ser imposta ao empresário Lúcio Funaro tem travado o fechamento do acordo de delação premiada dele com a equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, segundo uma fonte com conhecimento das negociações.
Os procuradores da República que conduzem as conversas querem fixar punições maiores do que os advogados de Funaro aceitam. Há uma preocupação no Ministério Público Federal com as penas a serem impostas por ele já ter firmado anteriormente um acordo de delação e ter voltado a reincidir no crime.
Entre os dias 5 de julho e 11 de agosto, o empresário foi transferido da penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, para a Superintendência da Polícia Federal na capital para facilitar a tomada de depoimentos para a elaboração dos anexos do pré-acordo de delação.
Nesse período, segundo uma fonte, Funaro falou sobre operações supostamente ilícitas que poderia detalhar e que envolveriam o presidente Michel Temer e outros políticos, principalmente ligados ao PMDB, caso a delação viesse a ser efetivamente fechada.
Uma pessoa próxima a Funaro define-o como operador do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado na operação Lava Jato. A delação de Cunha, também aguardada com expectativa no meio político, não tem avançado.
Há duas semanas, conforme noticiou a Reuters, a equipe de Janot trabalhava com a perspectiva de denunciar pela segunda vez Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) sem os termos da delação premiada. As acusações de Funaro contra o presidente poderiam fazer parte de um aditamento posterior da acusação criminal.
A defesa de Funaro tenta concluir a delação do empresário --preso há mais de um ano no âmbito da Lava Jato-- o quanto antes por não saberem se a próxima procuradora-geral da República, Raquel Dodge, vai manter os termos das negociações costuradas por Janot. Raquel assume o cargo no dia 18 de setembro.