Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em baixa ante o real nesta sexta-feira, quebrando sequência de dois pregões seguidos de alta, com os investidores ainda cautelosos com a cena política brasileira após a grave crise que afeta o governo do presidente Michel Temer.
Às 11:18, o dólar recuava 0,68 por cento, a 3,2606 reais na venda, após acumular alta de 0,51 por cento nas suas sessões passadas. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,50 por cento.
"O mercado está oscilando pontualmente entre 3,25 e 3,30 reais. O investidor está de olho no Congresso, esperando o desfecho da crise e não está montando novas posições", afirmou o operador da corretora Spinelli Corretora José Carlos Amado.
O mercado vem trabalhando com a expectativa de que Temer deixe a Presidência pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julgará a cassação ou não da chapa Dilma Rousseff-Temer no próximo dia 6, e que seu substituto seja um nome de consenso com capacidade para dar andamento às reformas da Previdência e trabalhista.
"Se as reformas entrarem em rota de aprovação no Congresso, não importará o chefe do Executivo, teremos cotações abaixo dos 3,15 reais novamente", informou a corretora Lerosa em relatório.
Temer vem repetindo que não pretende deixar o cargo e trabalha para tentar dar continuidade à pauta do governo no Congresso.
Ele é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação aberta com base em acordo de delação fechado pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS (SA:JBSS3). O presidente teve uma conversa gravada pelo executivo.
O recuo da moeda norte-americana nesta sessão, segundo alguns profissionais também foi favorecido por fluxo pontual de entrada de recursos. Mas a cautela vai continuar prevalecendo, também por causa da proximidade do final de semana e diante do feriado de Memorial Day nos Estados Unidos na próxima segunda-feira, que manterá os mercados de lá fechados.
O Banco Central realiza nesta sessão mais um leilão de até 8 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em junho.