Por Seyhmus Cakan
DIYARBAKIR, Turquia (Reuters) - A violência crescente no sudeste da Turquia na esteira do fracasso de um cessar-fogo entre o governo e insurgentes curdos tornará difícil realizar as eleições previstas para 1º de novembro, disse o chefe da oposição pró-curda nesta quarta-feira.
Desde julho a região de maioria curda tem testemunhado combates quase diários entre militantes do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) e forças de segurança. Um ataque a bomba no mesmo mês, atrubuído a rebeldes do Estado Islâmico, matou 30 pessoas.
O conflito com o PKK acabou com um processo de paz que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, lançou em 2012 na tentativa de pôr fim a uma insurgência que já matou mais de 40 mil pessoas ao longo de três décadas.
A luta se intensificou com a aproximação da votação parlamentar, na qual o governista Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco) espera recuperar sua maioria de partido único.
Na terça-feira, nacionalistas atacaram o escritório de um jornal em Istambul e a sede do pró-curdo Partido Popular Democrático (HDP, na sigla em curdo) em Ancara. Um vídeo divulgado pelo HDP mostrou seus escritórios na cidade mediterrânea de Alanya em chamas.
"Está se tornando impossível realizar uma eleição, dada a situação da segurança na região", disse Selahattin Demirtas, líder do HDP, em uma coletiva de imprensa na cidade de Diyarbakir, no sudeste turco. "Queremos que a eleição seja realizada, e não estamos dizendo que não é possível realizar uma eleição, mas queremos que as condições para uma eleição na região melhorem".