Por Angus MacSwan
MOSUL (Reuters) - A batalha por Mosul está praticamente encerrada após nove meses de uma guerra urbana devastadora entre forças do governo e militantes do Estado Islâmico, mas civis iraquianos sofrem uma crise humanitária de escala gigantesca.
Mais de um milhão de pessoas fugiram de suas casas em Mosul e nas cidades vizinhas desde que começaram os conflitos. A maioria delas está alojada em acampamentos rurais ou encontrou abrigo em outros lugares.
Aqueles que se arriscaram de volta a Mosul encontraram casas destruídas, escolas e hospitais destroçados, escassez de água e energia, ao lado da ameaça de tiros e armadilhas.
Bairros inteiros da segunda cidade do Iraque foram reduzidos a ruínas, grande parte da destruição de casas e estabelecimentos comerciais foi por ataques aéreos e artilharia da coalizão liderada pelos EUA. Carros destruídos entulham as ruas.
"O fim da batalha por Mosul não é o fim da provação para os civis. A situação humanitária não só permanece grave, mas pode piorar", afirmou o Conselho Norueguês de Refugiados, uma das muitas organizações internacionais e governos que ajudam o esforço de alívio e reabilitação, em um comunicado.
A superação da crise é crucial para o futuro político do Iraque, que luta para construir a estabilidade, superar a rivalidade sectária e emergir do conflito desde a invasão dos EUA de 2003.
No campo de refugiados de Al Salamiya, na planície de Nineva, cerca de 2.000 famílias vivem em barracas. Embora felizes por estar a salvo dos estragos do Estado Islâmico, que submeteu Mosul a uma lei severa por quase três anos, eles estão frustrados e preocupados com o futuro.
Muhamad Jasim, de 44 anos, era um trabalhador, mas fugiu com sua esposa e filhos do distrito de al-Kasik há seis semanas nas últimas fases da batalha para recuperar a cidade do Estado Islâmico.
"Sob Daesh (Estado Islâmico) foi muito ruim, sem trabalho, sofrimento, e eles estavam muito irritados. Nós deixamos para trás muito -- carro, casa", disse. "Eu tive medo por meus filhos. Eu tive que sair."
Sentado de pernas cruzadas diante de sua barraca, ele reclamou com vigor.
"Nós não temos dinheiro para comprar coisas. Não há nada para nós senão sentar aqui. Não temos comida suficiente, temos que gastar o dinheiro que possuímos em vegetais, gelo. A porção mensal de alimentos não é suficiente". Quando ele acha que poderá voltar para casa? "Eu não faço ideia".