Por Anton Zverev
MOSCOU (Reuters) - Médicos de uma prisão decidiram transferir Alexei Navalny, principal líder de oposição da Rússia, a um hospital, disse a autoridade prisional do país nesta segunda-feira, vinte dias depois de ele ter iniciado uma greve de fome que provocou alertas internacionais de consequências caso ele morra encarcerado.
Aliados de Navalny, que não têm contato com ele desde a semana passada, disseram que estão preparados para más notícias sobre sua saúde e planejam manifestações nacionais em massa no final desta semana.
O caso de Navalny isola Moscou ainda mais agora que o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adotou sanções econômicas mais duras contra a Rússia e a República Tcheca, membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), expulsou espiões russos, acusando Moscou de participar de explosões mortais em um depósito de armas ocorridas em 2014.
O serviço prisional russo disse em um comunicado que se decidiu transferir Navalny, de 44 anos, a um hospital prisional regional, mas não deixou claro se a transferência já aconteceu.
O serviço disse que seu estado é "satisfatório" e que ele consentiu em receber uma "terapia de vitaminas".
Ivan Zhdanov, chefe da Fundação Anticorrupção de Navalny, classificou a ação como "uma transferência para a mesma colônia de tortura, só que com um hospital maior, para onde eles levam pessoas gravemente doentes".
"Então só se pode entender que a situação de Navalny piorou, e piorou de tal maneira que até o torturador o admite", disse ele no Twitter.
Navalny, ativista anticorrupção que conquistou fama com vídeos viralizados que catalogam a riqueza vasta acumulada por autoridades russas de alto escalão que ele rotula de "trapaceiros e ladrões", está cumprindo uma pena de dois anos e meio por acusações antigas de apropriação indevida que ele chama de fabricadas.
Ele foi preso ao voltar à Rússia em janeiro, depois de se recuperar na Alemanha do que autoridades daquele país disseram ter sido um envenenamento com um agente nervoso russo proibido, o que ele e governos ocidentais qualificaram como uma tentativa de assassinato. O Kremlin nega qualquer culpa.
Navalny entrou em greve de fome no dia 31 de março para protestar contra o que ele disse ser uma recusa das autoridades prisionais de lhe proporcionar tratamento para dores na perna e nas costas. A Rússia diz que ele é bem tratado e que exagera suas doenças para chamar atenção.
(Reportagem adicional Gabrielle Tétrault-Farber, Anastasia Teterevleva, Maxim Rodionov e Maria Vasiliyeva em Moscou, Jason Hovet e Jan Lopatka em Praga)