Por John Whitesides e Michael Martina
WASHINGTON (Reuters) - Joe Biden irá falar nesta quinta-feira diretamente aos norte-americanos sobre seu plano para unir um país golpeado pela pandemia do coronavírus e pela crise econômica causada diretamente por ela, ao aceitar oficialmente a nomeação do Partido Democrata para enfrentar o presidente Donald Trump, um republicano, nas eleições de 3 de novembro nos Estados Unidos.
O discurso de Biden, na quarta e última noite da Convenção Nacional Democrata, será um grande momento em mais de meio século de vida pública para o senador e ex-vice-presidente, que teve duas corridas para a Casa Branca frustradas, em 1988 e 2008.
O episódio conclui a convenção de nomeação que foi realizada virtualmente por causa da pandemia, com os maiores nomes do partido, estrelas em ascensão e até alguns importantes republicanos aparecendo por vídeo para apoiar Biden e afirmar a urgência do fim do que eles classificam como a Presidência caótica de Trump.
O dia trouxe um novo gás para a campanha de Biden ressaltar ainda mais o caos. Steve Bannon, um dos arquitetos da vitória de Trump em 2016, foi preso com acusações de fraude, e um juiz em Nova York decretou que Trump não poderá escapar da intimação para entregar oito anos de suas declarações de imposto de renda.
"Donald Trump dirigiu o governo mais corrupto da história americana", disse Kate Bedingfield, vice-diretora da campanha de Biden, a jornalistas.
Trump negou ter conhecimento da organização ligada à prisão de Bannon, que buscou doações para construir o muro na fronteira dos EUA com o México, que foi a principal promessa de campanha do republicano em 2016.
"Eu me sinto muito mal. Eu não estava lidando com ele por um longo período de tempo", disse Trump. Ele também contestou a decisão sobre suas declarações de impostos.
Bannon foi solto após decretação de fiança de 5 milhões de dólares.
A escolhida de Biden para a vice-presidência, Kamala Harris, a primeira mulher negra e asiática-americana em uma chapa presidencial na história, aceitou sua indicação na quarta-feira e acusou Trump de ser uma liderança fracassada, que custou vidas e sustentos de milhares de norte-americanos.
Biden, de 77 anos, se encaminha para a campanha eleitoral com uma vantagem clara e constante nas pesquisas de opinião sobre Trump, de 74, que aceitará a nomeação republicana para buscar um segundo mandato na Casa Branca, na semana que vem.
Os democratas trabalharam para aumentar o apoio a Biden durante a convenção, especialmente ao apresentar importantes figuras republicanas como o ex-secretário de Estado Colin Powell e o ex-governador de Ohio John Kasich, assim como outros norte-americanos que votaram em Trump em 2016 e agora o culpam pelo fardo econômico e a crise da pandemia.
O discurso de aceitação será a maior audiência de Biden até agora, já que ele ficou afastado dos eventos de campanha desde março por conta da pandemia.
O democrata irá falar diretamente à câmera em um centro de eventos quase vazio em sua cidade natal, Wilmington, no Estado do Delaware, e não diante de uma multidão vibrante de delegados do partido, somando para o clima incomum de uma convenção conduzia remotamente por transmissões de vídeo.
(Reportagem de John Whitesides, em Washington, e Michael Martina, em Detroit; reportagem adicional de Trevor Hunnicutt em Wilmington, Delaware)